Nos últimos 30 dias (30/10 a 29/11/2015), os acumulados de chuva foram inferiores a 30 mm nos municípios localizados nas porções central e norte da região Nordeste.
Figura 1 – Avaliação das condições de seca para os últimos 120 dias (01/08 a 28/11/2015), considerando os percentis dos dados de precipitação.
Regiões consideradas em situação “Muito Secas” se concentram em quase toda a área monitorada. Em função das condições de secas persistentes, em alguns Estados em que o calendário agrícola já se iniciou podem ter queda na produção, como no norte do Estado do Espírito Santo, cujo calendário vai de Outubro a Novembro (cf. relatório do mês anterior); norte dos Estados do Maranhão e Minas Gerais, cuja época de plantio inicia-se em Novembro.
Figura 2 - Risco agroclimático para o período de 27/11/2014 a 28/11/2015.
De acordo com a avaliação do risco agroclimático (balanço hídrico) para o período de 27/11/2014 a 28/11/2015 (avaliação anual), 119 municípios foram classificados com risco agroclimático MUITO ALTO e 201 como risco ALTO. Em comparação com o relatório do mês anterior (análise até o dia 07/11/2015), houve um aumento no número de municípios em situação de risco agroclimático, passando de 618 para 712 municípios afetados.
Figura 3 - Percentuais dos municípios impactados pela seca (Impacto em áreas de pastagens e agrícolas) referente ao mês de novembro de 2015, de acordo com o índice VSWI.
Em conformidade com o índice VSWI, considerando os impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens, 1120 municípios apresentaram pelo menos 50% de suas áreas impactadas pela seca. Tais áreas totalizam aproximadamente 66 milhões de hectares, onde estão incluídos cerca de 1,4 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar.
Tabela 1. Avaliação da Extensão dos Impactos da Seca
Figura 4 - Previsão climática sazonal para DJF/2015-16. Previsão expressa em termos de desvios das probabilidades climatológicas (33/33/33)
Os últimos indicadores atmosféricos e oceânicos mostram que o atual episódio de El Niño continua se intensificando e está próximo de atingir o ápice. O ONI (Oceanic Niño Index) do Climate Prediction Center, da NOAA, mostra que este episódio atua desde o trimestre FMA e vem se fortalecendo desde então. A magnitude deste evento classifica-o entre os três eventos mais intensos que se tem registro na era moderna.
A previsão por consenso do IRI-CPC (International Research Institute e Climate Prediction Center, ambos dos EUA) estima uma chance de 100%, ou seja, é certo que este episódio perdure até o trimestre FMA, quando então deve declinar rapidamente. Portanto, as quadras chuvosas do semiárido serão influenciadas pelo fenômeno El Niño.
A previsão climática sazonal do MCTI para o trimestre NDJ/2015-16 prevê chuvas abaixo da média climatológica no extremo Norte e no Nordeste do País. De acordo com a indicação das áreas (Fig. 5) todo o semiárido poderá potencialmente ser afetado. Em anos de forte El Niño, como é o caso do presente episódio, pode ocorrer chuvas esporádicas e irregulares em sua distribuição espacial; porém, em geral, os totais acumulados não devem superar a média climatológica.
O quadrimestre novembro a fevereiro corresponde ao período chuvoso dos setores sul, central e noroeste da Bahia, além do extremo sul do Piauí e Norte de Minas Gerais.
CEm razão destes Estados apresentarem atualmente um quadro de déficit hídrico, o cenário climático atual aponta, nos próximos quatro meses, chances mínimas de reverter o quadro crítico apresentado acima.
Oscilações sub-sazonais
Nesta época do ano (novembro a janeiro) a Oscilação de Madden-Julian (OMJ) pode estar associada a eventos de precipitação no semiárido; porém, após um período de grande atividade (final de junho e julho) a OMJ enfraqueceu, prevalecendo atualmente atividade de mais baixa frequência associada ao atual episódio de El Niño, i.e., chuva acima da média no Pacífico Central-Leste.
As previsões não indicam que a OMJ deva se configurar nas próximas 2 semanas. Portanto, a OMJ não deve ter um papel relevante em acentuar ou amenizar condições de chuva no semiárido, especificamente nas regiões mais criticas mencionadas acima.
A previsão por conjuntos do modelo Eta-CPTEC/INPE indica chances de chuvas expressivas nos próximos 10 dias, no semiárido de Minas Gerais e Espírito Santo, e no sudoeste da Bahia, resultantes da atuação de sistema frontal.
Figura 5 - Previsão de precipitação acumulada (mm) nos próximos 10 dias derivada do modelo numérico ETA/CPTEC/INPE (média de um conjunto de 7 membros).
As previsões para a segunda semana indicam que, após as chuvas devidas aos sistema frontal atuando no semiárido de Minas Gerais e Espírito Santo, as condições atmosféricas favoráveis a ocorrência de precipitação tendem a se esvanecer. Desta forma é possível que haja uma redução das chuvas no semiárido no período de 06 a 14 de dezembro de 2015.
Figura 6 - (Esq.) Previsão de anomalia de precipitação no período de 08 a 14/12/2015, pelo modelo de previsão por conjuntos do NCEP/NOAA. (Dir.) Previsão de anomalia de precipitação no período 08 a 14/12/2015, pelo modelo de previsão por conjuntos do CPTEC/INPE.
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