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Situação da Seca no Semiárido e Impactos – Março de 2019

Sumário

De acordo com o Índice Integrado de seca (IIS) para o mês de março, foi registrado o aumento das condições de secas, principalmente no sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais. Segundo o IIS, 22 municípios estão classificados com condição de seca extrema e 27 com condição de seca severa, esses municípios somam cerca de 900 mil pessoas. Considerando apenas a informação por satélite (índice VSWI), 239 municípios apresentaram pelo menos 50% de suas áreas de uso impactadas. Destaca-se que o estado da Bahia é o que apresenta o maior número de municípios com mais de 75% de área impactada, somando 46 municípios com 58.863 mil propriedades. De acordo com os dados da rede observacional do Cemaden, foram registrados valores baixos de água no solo na maior parte das microrregiões estaduais, que incluem parte do estado da Bahia e norte de Minas Gerais.

Na escala climática sazonal, permanece um estado de indefinição. Os indicadores oceânicos mostram que o Oceano Pacífico está com temperaturas acima da média, mas por outro lado, a atmosfera ainda não apresenta os sinais característicos de um El Niño. Apesar disso, a maior parte dos modelos dinâmicos e estatísticos preveem a manutenção de um ligeiro aquecimento (menor que 1.0C) do Oceano Pacífico e a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center (NOAA) e o International Research Institute (Columbia University) indica 65% de chance (normalmente seria de 33,3%) para ocorrência de um El Niño fraco durante Junho-Julho-Agosto/2019. A previsão sazonal de chuva do International Research Institute (produzida em abril/2019 e válida para o trimestre Maio-Junho-Julho/2019) indica chances significativas de chuvas acima da média no extremo norte do semiárido (Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco), possivelmente ainda durante o mês de Maio. Nas demais regiões do semiárido não há sinal confiável. As previsões elaboradas pelo CPTEC/INMET/FUNCEME (produzidas em março/2019 e válidas para o trimestre Abril-Maio-Junho de 2019) mostram elevado grau de incerteza para a região do semiárido (sem sinal confiável) e chances de chuvas abaixo da média na Zona da Mata. Nas próximas duas semanas está previsto chuvas acima da média no extremo norte do semiárido (norte do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte).

1) Índice Integrado de Seca (IIS) – Março de 2019 

A avaliação do IIS para o mês de março em relação ao mês anterior (fevereiro):

  • Seca Fraca:aumento de 236 para 256 municípios.
  • Seca Moderada:redução de 294 para 278 municípios.
  • Seca Severa:aumento de 18 para 27 municípios.
  • Seca Extrema:aumento de  4 para 22 municípios.
  • Seca Excepcional:manteve 0 município.
  • AL
  • SE 
  • MA
  • CE
  • RN 
  • PE
  • PB
  • BA 
  • ES
  • MG
  • PI
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O índice Integrado de Seca (IIS) é uma combinação (média geométrica) das informações provenientes do índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI), o qual é calculado a partir de dados de sensoriamento remoto, e do Percentil de precipitação, que é calculado a partir de dados observacionais de chuva. O índice VSWI é derivado de dados de NDVI e temperatura do dossel, oriundos do sensor MODIS a bordo dos satélites AQUA e TERRA – resolução de 1 km. O índice indica condição de seca quando o valor do NDVI (índice de vegetação) é baixo (o que indica baixa atividade fotossintética) e a temperatura da vegetação é alta (indicando estresse hídrico). Por sua vez, o percentil é usado como forma de classificar o status de cada município, segundo o montante de precipitação recebido. São consideradas as seguintes classificações: Seca extrema (precipitação abaixo do percentil 5); Seca severa (precipitação entre os percentis 5 e 10); Seca moderada (precipitação entre os percentis 10 e 30); Seca fraca (precipitação entre os percentis 30 e 50).
 

2) Avaliação por satélite das áreas mais Impactadas 

 

Os impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens estão concentrados principalmente no estado da Bahia (170 municípios impactados), Minas Gerais (24 municípios impactados) e Pernambuco (21 municípios impactados). De acordo com o índice VSWI, 239 municípios apresentaram pelo menos 50% de suas áreas de uso impactadas no mês de março.  É importante ressaltar que a parte nordeste da Bahia, e os estados da Paraíba e Pernambuco, estão no período do calendário agrícola, sendo, portanto importante o monitoramento das condições de umidade do solo a partir desse período para essas regiões.

O município de Candiba, sul da Bahia, próximo da fronteira com Minas Gerais, por exemplo, apresentou mais de 75% de sua área de uso impactada. Candiba é formado por pequenas propriedades rurais onde 90% são agricultores familiares, apresentou na atual safra redução no rendimento agrícola estimado para diversas culturas, sobretudo, feijão e milho com perdas iguais e superiores a 90%, respectivamente. Também sofreu perdas em seu rebanho, com prejuízo acima de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). O abastecimento de água deste município foi prejudicado e a distribuição de água potável teve que ser realizada por meio de carros-pipa em mais de cinquenta comunidades rurais, de acordo com o Relatório da Safra Agrícola 2018/2019, de março de 2019, fornecido pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Candiba.

3) Levantamento de propriedades rurais localizadas nos municípios com mais de 75% de área em condição de seca

Destaca-se que o estado da Bahia é o que apresenta o maior número de municípios com mais de 75% de área impactada, somando 46 municípios com 58.863 mil propriedades. Minas Gerais e Pernambuco tiveram uma redução no número de propriedades impactadas de 2.840 para 867, e de 10.130 para 7.144 respectivamente.

4) Água disponível no solo – média por microrregiões em Março de 2019

Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e baixos valores de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 0,4, representados no mapa pelas cores vermelho, laranja e amarelo. A água disponível no solo foi calculada utilizando-se de medidas de umidade do solo em 20 cm, normalizadas para o intervalo entre o ponto de murcha permanente e a saturação. A escala numérica e de cores se refere a proporção de água disponível no solo. O padrão observado em março de 2019 mostra que a parte norte do semiárido continua com bons níveis de água no solo, seguindo o padrão observado desde janeiro. Março ainda é parte da quadra chuvosa em partes do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A parte central e sul da região do semiárido apresenta valores baixos de água no solo na maior parte das microrregiões estaduais. Essas regiões incluem a parte oeste da Bahia e norte de Minas Gerais, onde a quadra chuvosa de novembro a fevereiro se encerrou. A região norte do estado da Bahia apresenta valores abaixo do esperado para a água no solo, especialmente considerando-se a quadra chuvosa de janeiro a abril.

A água disponível no solo é calculada utilizando-se da metodologia do Índice de Umidade do Solo (SMI, na sigla em inglês). Esse índice é calculado subtraindo-se o valor do ponto de murcha permanente (PMP) da umidade do solo volumétrica e dividindo-se esse valor pela diferença entre a capacidade de campo e o PMP Os valores de SMI mostrados aqui são calculados com a umidade do solo medida a 20 cm de profundidade. Essa normalização da umidade do solo resulta na fração da água disponível para extração por raízes, porém abaixo da saturação. Valores de SMI abaixo de 0,4, ou 40% da água disponível, são reconhecidos como condições de início do estresse hídrico, com possíveis danos ao desenvolvimento vegetativo e perda de produtividade.
 

5) Influências climáticas na escala sub-sazonal a sazonal

Na escala climática sazonal, permanece um estado de indefinição. Os indicadores oceânicos mostram que o Oceano Pacífico está com temperaturas acima da média, mas por outro lado, a atmosfera ainda não apresenta os sinais característicos de um El Niño. O Índice de Oscilação Sul, que normalmente apresenta valores negativos durante um El Niño, atualmente está indicando valores próximos da neutralidade. A maior parte dos modelos dinâmicos e estatísticos preveem a manutenção de um aquecimento do Oceano Pacífico menor que 1.0C, durante o inverno do Hemisfério Sul. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center (NOAA) e o International Research Institute (Columbia University) diminuiu (em relação à previsão do mês passado) para 65% de chance (normalmente seria de 33,3%) para ocorrência de um El Niño fraco durante Junho-Julho-Agosto. Contrariamente ao efeito esperado de um El Niño, as previsões sazonais de chuva do International Research Institute do mês passado (março/2019) e a atualização deste mês (abril/2018) indicam chances significativas de chuvas acima da média no extremo norte do semiárido (Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco), para o trimestre maio-junho-julho. Nas demais regiões do semiárido não há sinal confiável. As previsões elaboradas pelo CPTEC/INMET/FUNCEME (produzidas em março/2019 e válidas para o trimestre Abril-Maio-Junho de 2019) mostram elevado grau de incerteza para a região do semiárido (sem sinal confiável) e chances de chuvas abaixo da média na Zona da Mata. Nas próximas duas semanas está previsto chuvas acima da média no extremo norte do semiárido (norte do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte). A Oscilação de Madden-Julian, que é o principal sistema influenciador da chuva no semiárido, em escala subsazonal (15 a 30 dias), assume uma trajetória mais ao norte durante Abril a Setembro. Desta forma, durante estes meses, indicações futuras de períodos chuvosos (ou secos) para além de 2 semanas são praticamente inexistentes.

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