SUMÁRIO (clique aqui)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de março, se comparado ao do mês de fevereiro, aponta a intensificação da seca em grande parte da porção central do país e na zona da mata dos estados da Bahia e Sergipe.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 703 municípios da Região Nordeste apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de março, sendo a maior parte destes localizados nos estados da Bahia e Pernambuco. As regiões Sul e Sudeste tiveram, por sua vez, 332 e 302 municípios com mais de 40% de suas áreas de uso impactadas. Nas regiões Centro-Oeste Norte estes números foram de 118 20 municípios, respectivamente.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão de 68% da média histórica, bem como a UHE de Passo Real, com vazão de 51% do esperado no mês. A UHE de Segredo, ainda no Sul, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa a partir de dezembro e no mês de março de 2021, a vazão foi cerca de 70% da média histórica. Na Região Centro-Oeste, as vazões afluentes ao reservatório da UHE de Serra da Mesa foram 96% da média histórica, e o nível de armazenamento atingiu 33% no final de março. Na Região Sudeste, destaque para o reservatório da UHE de Furnas que registrou no mês de março cerca de 68% da vazão histórica e armazenamento de 39% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico da região metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 57% da média histórica, e armazenamento em torno de 53% do volume útil, situação pior quando comparado ao mesmo período do ano de 2020 (59%). Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE de Três Marias apresenta uma situação menos crítica, com volume de 72% do volume útil, e vazão afluente média de 60% da média histórica para o mês de março.
O atual episódio de La Niña está praticamente extinto. Segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, ambos dos EUA, há 80% de chance de que o trimestre Abril-Maio-Junho (AMJ/2021) apresente características normais em termos do fenômeno ENOS. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em março/2021) concordam em prever, durante AMJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul e no MS e SP. Vale destacar que estas previsões também indicam condições desfavoráveis para chuva na região da Zona da Mata, a qual inicia seu período chuvoso durante AMJ e na qual o IIS indica condições de seca. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, um cenário desfavorável para chuva até o início de maio na região Sul. Nas próximas duas semanas, há previsão de que chuvas associadas à Oscilação de Madden-Julian possam afetar positivamente o padrão de chuvas no Brasil, na Amazônia e norte da região Nordeste.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: MARÇO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de março de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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Saiba mais sobre o Índice Integrado de Seca (IIS)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI) com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI) e a Umidade do Solo. Baixos níveis de água no solo tem o potencial para iniciar o processo de estresse hídrico na vegetação, com possíveis danos ao desenvolvimento vegetativo e perda de produtividade. Os dados de Umidade do Solo são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 25 km.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O cálculo do SPI é baseado na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo-se o produto final na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de março e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois sub-índices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
C. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO
Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à média histórica. Os dados são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 50 km, gerados 4 vezes por mês. Os resultados mostrados aqui representam a média dos resultados divulgados para março.
As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de março de 2021 são mostradas na Figura. Os estados mais afetados com seca excepcional são Pará, Mato Grosso, Tocantins. Adicionalmente, partes de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Sergipe e Bahia também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca excepcional.
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Março/2021
Avaliação do IIS para o mês de março em comparação com o mês de fevereiro:
- Seca Fraca: Redução de 1006 para 856 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 170 para 309 municípios.
- Seca Severa: Aumento de 2 para 134 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2021
E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Março/2021
Avaliação do IIS para o mês de março em comparação com o mês de fevereiro:
- Seca Fraca: 114 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 29 para 70 municípios.
- Seca Severa: 4 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2021
F. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO CENTRO-OESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Março/2021
Avaliação do IIS para o mês de março em comparação com o mês de fevereiro:
- Seca Fraca: Aumento de 157 para 242 municípios.
- Seca Moderada: Redução de 219 para 145 municípios.
- Seca Severa: Redução de 88 para 31 municípios.
- Seca Extrema: 2 municípios.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2021
G. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Março/2021
Avaliação do IIS para o mês de março em comparação com o mês de fevereiro:
- Seca Fraca: Aumento de 415 para 645 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 320 para 452 municípios.
- Seca Severa: Aumento de 87 para 296 municípios.
- Seca Extrema: Aumento de 7 para 68 municípios.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2021
H. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUL
Índice Integrado de Seca (IIS): Março/2021
Avaliação do IIS para o mês de março em comparação com o mês de fevereiro:
- Seca Fraca: Aumento de 185 para 721 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 1 para 139 municípios.
- Seca Severa: Redução de 7 para 0 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2021
I. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
Em março de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 57% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 53% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), representando um aumento de aproximadamente 4% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 60% da média histórica do mês e o reservatório operou, em 31 de março de 2021, com 72% de seu volume útil (faixa de operação “Normal”), apresentando uma elevação de 5% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 63% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório atingiu 39% do volume útil, valor 5% superior ao registrado no final de fevereiro.
No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 96% da média histórica do mês de março. O reservatório operou no final do mês com 33% de seu volume útil, apresentando um aumento de 5% com relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 68% da média histórica para o mês, percentual semelhante ao mês anterior. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 70% da média do mês de março, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 68%, o que representa um aumento de 6% em relação ao mês anterior.
Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 64% da média histórica, caracterizando uma redução significativa em relação ao mês anterior (79% acima da média histórica). O nível de armazenamento do reservatório atingiu 67% no final de março, representando uma queda de 8% em relação ao valor no final de fevereiro. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 42% da média histórica, e o armazenamento no reservatório foi 31% do seu volume útil, valor semelhante quando comparado ao mês anterior (33%).
J. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores oceânicos e atmosféricos retornaram para patamares de neutralidade, mostrando desta forma que a La Niña se extinguiu. Segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, ambos dos EUA, há 80% de chance de que o trimestre Abril-Maio-Junho (AMJ/2021) apresente características normais em termos do fenômeno ENOS. A La Niña é um fator modulador da chuva na Região Sul e no sul do Brasil-Central, no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva. O cenário crítico apresentado pelo IIS com condições de seca moderada à severa, nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, muito provavelmente se deve à atuação da La Niña durante a estação chuvosa (últimos 6 meses) nestas regiões.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em março/2021) concordam em prever, durante AMJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul e no MS e SP. Estes dois últimos estados estão saindo da estação chuvosa e entrando na estação climatológica de estiagem, que se prolonga até outubro. Mas não é o caso nos estados da região sul, onde o trimestre AMJ costuma apresentar bons índices pluviométricos. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, um cenário desfavorável para chuva até o início de maio na região Sul. Nas próximas duas semanas, há previsão de que chuvas associadas à Oscilação de Madden-Julian possam afetar positivamente o padrão de chuvas no Brasil, na Amazônia e norte da região Nordeste.