Esta edição do boletim traz a situação para o mês de agosto de 2021 e projeções hidrológicas com horizonte até dezembro de 2021. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de agosto de 2021 (37%), é pior quando comparada ao mesmo período de 2020 (48%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “alerta” (armazenamento entre 30% e 40%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em agosto de 2021, a média desta vazão de extração foi 22 m³/s. Ainda em agosto, choveu o equivalente a 45% da média histórica do mês, enquanto a vazão afluente aos reservatórios foi 42% da média histórica, valor inferior quando comparado ao mesmo período do ano de 2020 (45%). Com relação às projeções, considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica de setembro a dezembro, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno de 74% da média histórica do período e o armazenamento no sistema, no final de dezembro de 2021, poderá chegar a 36%.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses secos, de abril a agosto de 2021, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2] e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 122 mm (123² mm), o que representa 32% (33%²) da média histórica (1983-2020) da estação seca (378 mm, abril – setembro). No mês de agosto de 2021, a precipitação acumulada foi em torno de 15 mm (21² mm), o que representa 45% (64%²) da média histórica para este mês (33 mm).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo/ Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de abril a agosto de 2021, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 12 m3/s, 38% da média histórica para a estação seca (30 m3/s). Para o mesmo período, a média de vazão de extração total dos reservatórios foi 31 m³/s e a média de vazão de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 7,6 m³/s.
Para o mês de agosto de 2021, a média de vazão afluente foi 9 m3/s, o que representa 42% da vazão média mensal histórica (21 m3/s), valor inferior ao registrado no mesmo período de 2020 (45%). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 22 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ), foi 11 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 33 m³/s. Ainda no mês de agosto de 2021 a média do aporte, proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, foi 7,6 m³/s.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A bacia de captação do Sistema Cantareira ainda se encontra dentro do período seco. Normalmente, as primeiras precipitações do próximo período chuvoso começam no final de setembro, mas a transição para a estação chuvosa só ocorre em meados de outubro. Em particular, o modelo GFS indica que nos próximos 3-10 dias não há previsão de chuvas expressivas (Figura 2). As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana apresentadas na Figura 3, mostram um aumento das chuvas na faixa leste de São Paulo, o que também pode beneficiar o Sistema Cantareira. Essas precipitações teriam um volume próximo à média da época.
Projeções de vazão afluente
A Figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (02 a 11 de setembro de 2021) e, a partir do dia 12 de setembro foram considerados cinco cenários de precipitação: média histórica (1983-2020), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (setembro a dezembro de 2013). As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de setembro a dezembro de 2021, poderá alcançar cerca de 23 m³/s, o que representa 74% da média histórica desse período (31 m³/s). Para cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 45% e 24% da média histórica desse mesmo período, respectivamente.
Projeções de armazenamento
A Figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa (2,09 m³/s e 1,55 m³/s, respectivamente); e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,13 m³/s (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931) para o período de simulação. As projeções indicam que o reservatório deverá operar na faixa de operação “alerta” (armazenamento entre 30% e 40%) nos próximos meses. Entretanto, considerando o cenário de precipitação 25% acima da média, o reservatório retornará no final do horizonte de projeções (dezembro de 2021) para a faixa de operação “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%). Em dezembro de 2020, o reservatório operou com 36% da capacidade. Importante salientar que, operando abaixo de 30% de armazenamento, o reservatório entra na faixa de “restrição”.