SUMÁRIO (clique aqui)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de outubro, quando comparado ao do mês de setembro, aponta o enfraquecimento das condições de seca em grande parte do país, principalmente nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia; ao contrário, ocorreu intensificação das condições de seca no sul-sudoeste do Rio Grande do Sul.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.803 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de outubro. Os estados de São Paulo e Paraná foram os que tiveram o maior número de municípios com áreas agroprodutivas afetadas acima de 40%. Neste mês, Paraná se destacou como o estado que teve o maior número de municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se as usinas hidrelétricas (UHE) Itaipu, Segredo, Passo Real, com vazões abaixo da média histórica: 96%, 78% e 71%, respectivamente. Na Região Centro-Oeste, as vazões naturais da UHE Serra da Mesa foram 81% da média, e o nível de armazenamento do reservatório atingiu 23% no final de outubro. Na Região Sudeste, destaque para a UHE Furnas que registrou no mês de outubro vazão 40% acima da média histórica do mês de outubro, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 18% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, a vazão natural da UHE Três Marias atingiu a média histórica e o reservatório finalizou outubro com 34% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 81% da média, e o armazenamento em torno de 28% do volume útil, situação pior que no mesmo período pré-crise (36,8% no final de outubro de 2013).
As águas superficiais no Oceano Pacífico central resfriaram-se ainda mais durante o mês de outubro/2021. O Bureau of Meteorology (Austrália) mantém o nível de alerta em “estado de alerta”, o que implica 70% de chances para a ocorrência de La Niña. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica com quase certeza o início de uma La Niña em novembro-dezembro de 2021, que deverá perdurar durante o verão do Hemisfério Sul. Embora o quadro da seca no país tenha arrefecido durante outubro é adequado manter um estado de atenção. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em outubro/2021) concordam em prever, durante NDJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de outubro/2021, é também consistente ao indicar um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre a região denominada Continente Marítimo, no Pacífico Oeste. O cenário é de um possível deslocamento para o Oceano Atlântico no final de novembro, começo de dezembro, podendo vir a afetar positivamente o padrão de chuvas nas Regiões Nordeste e Norte do Brasil. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam uma tendência para chuvas favoráveis no norte de Minas Gerais e centro sul da Bahia, além da Região Norte durante primeira quinzena de dezembro.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: OUTUBRO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de outubro de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: outubro em relação a setembro
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de outubro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Outubro/2021
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para a área da bacia afluente ao reservatório da UHE Serra da Mesa (Centro-Oeste) apresenta uma situação de normalidade a seca fraca (figura abaixo). Para as bacias das UHEs Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica seca variando de uma condição de normalidade a seca fraca. Para a bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 indica uma melhora na condição de seca em relação ao mês anterior, predominando condições de seca fraca a moderada. Para as sub-bacias localizadas na bacia do rio Paraná (as UHEs Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara), o IIS-6 apresenta uma condição de seca variando da condição de normalidade a seca moderada. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHE Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada seca fraca a moderada, indicando uma melhora na condição de seca em relação ao mês anterior.
Em outubro de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 81% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 28% do volume útil (faixa de operação “Restrição”), representando uma diminuição de aproximadamente 2% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural atingiu a média histórica do mês e o reservatório operou, em 31 de outubro de 2021, com 34% de seu volume útil (faixa de operação “Atenção”), apresentando uma diminuição de 5% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 140% da média do mês, e o armazenamento no reservatório, em 31 de outubro, foi 18% do volume útil, representando um aumento de 4% em relação ao final do mês anterior. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 81% da média do mês de outubro. O reservatório operou com 23% de seu volume útil, representando uma redução de 1% em relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 96% da média histórica para o mês de outubro. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 78% da média do mês de outubro, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 56%, o que representa um aumento de 48% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 71% da média. O nível de armazenamento do reservatório atingiu 62% no final de outubro, representando um aumento de 18% em relação ao valor no final de setembro. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 71% da média, e o armazenamento no reservatório foi 51% do seu volume útil, representando um aumento de 5% em relação ao nível do mês anterior.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
As águas superficiais no Oceano Pacífico central resfriaram-se ainda mais durante o mês de outubro/2021. O Bureau of Meteorology (Austrália) mantém o nível de alerta em “estado de alerta”, o que implica chances para a ocorrência de La Niña de 70%, quase o triplo de uma chance normal. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica chances próximas a 100% para o início de uma La Niña em novembro-dezembro de 2021, que deverá perdurar durante o verão do Hemisfério Sul. Embora o quadro da seca no país tenha arrefecido durante outubro (IIS – Figuras 1 e 2) é adequado manter um estado de atenção. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em outubro/2021) concordam em prever, durante NDJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de outubro/2021, é também consistente ao indicar um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre a região denominada Continente Marítimo, no Pacífico Oeste. O cenário é de um possível deslocamento para o Oceano Atlântico no final de novembro, começo de dezembro, podendo vir a afetar positivamente o padrão de chuvas nas Regiões Nordeste e Norte do Brasil. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam uma tendência para chuvas favoráveis no norte de Minas Gerais e centro sul da Bahia, além da Região Norte durante primeira quinzena de dezembro.