SUMÁRIO (clique aqui)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de agosto, quando comparado ao do mês de julho, aponta a intensificação das condições de seca em grande parte do Brasil, principalmente em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e no norte do Rio Grande do Sul.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.117 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de agosto. Os estados de São Paulo e Minas Gerais foram os que tiveram o maior número de municípios com áreas agroprodutivas afetadas acima de 40%. Enquanto o Rio Grande do Norte continuou se destacando como o estado que teve o maior número de municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão de 55% da média histórica. A UHE Segredo, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa em dezembro, contudo, a partir de março de 2021 vem registrando valores abaixo da média histórica, e no mês de agosto a vazão foi cerca de 34%. Destacam-se também as UHEs Barra Grande e Passo Real, ainda na Região Sul, com vazão de 30% e 69%, respectivamente, da média histórica do mês. Na Região Centro-Oeste, as vazões naturais da UHE Serra da Mesa foram 57% da média, e o nível de armazenamento do reservatório foi 28% no final de agosto. Na Região Sudeste, destaque para a UHE Furnas que registrou no mês de agosto cerca de 55% da vazão média e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 17% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE Três Marias apresenta uma situação menos crítica em termos de volume armazenado no reservatório, com 48% do volume útil. No entanto, a vazão natural ficou em torno de 39% da média do mês de agosto. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 42% da média, e o armazenamento em torno de 37% do volume útil, situação pior que no mesmo período pré-crise (47,3% no final de agosto de 2013).
Atualmente, não estamos sob a influência nem de La Niña, nem de El Niño. Por outro lado, segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, um consistente resfriamento das águas superficiais e as previsões dos modelos oceânicos indicam a possibilidade de um novo ciclo de La Niña iniciando no trimestre setembro-outubro-novembro de 2021 (SON/2021). O Bureau of Meteorology (Australia) determinou estado de atenção para uma La Niña, o que significa uma chance de 50% para a ocorrência da La Niña; quase o dobro de uma chance normal. Dado o cenário crítico de seca no Brasil (IIS – Figura 1) esta é uma informação importante. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute, do CPTEC/INMET/FUNCEME, além da previsão do Centro Europeu (ECMWF), concordam em prever, durante SON/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Centro-Oeste e Sul. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, para a Região Sul, chuvas acima da média até o dia 20 de setembro, aproximadamente. Após, não há chances para chuvas significativas nas regiões afetadas pela seca no Brasil.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: AGOSTO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de agosto de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: agosto em relação a julho
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de agosto e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Agosto/2021
D. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO
Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à saturação. Os dados são derivados do satélite SMAP (NASA), que estima a quantidade de água em camadas superficiais do solo. Posteriormente, esses dados são incorporados em um modelo hidrológico, resultando em estimativas da umidade do solo em uma camada de 1 m de solo, onde a maior parte das raízes se localizam. Esse produto final é disponibilizado várias vezes ao longo do mês e tem resolução espacial de aproximadamente 25 km. Os resultados mostrados aqui são referentes a anomalia da umidade do solo disponibilizada no dia 30 de agosto.
As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de agosto de 2021 são mostradas na figura a seguir. Os estados mais afetados com seca extrema são Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Adicionalmente, partes dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca moderada e severa. A seca fraca foi predominante nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.
E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para a área da bacia afluente ao reservatório da UHE Serra da Mesa (Centro-Oeste) apresenta uma situação de normalidade à seca moderada. Para as bacias das UHEs Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica seca variando de seca fraca à severa. Para a bacia da UHE Itaipu, o IIS-6 indica uma piora da condição de seca em relação ao mês anterior, predominando condições de seca fraca à extrema. Nas bacias localizadas na Região Sul do país (incluindo as UHE Segredo, Barra Grande e Passo Real), pode ser observada seca fraca à severa, indicando a mesma condição de seca do mês anterior.
Em agosto de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 42% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 37% do volume útil (faixa de operação “Alerta”), representando uma diminuição de aproximadamente 5% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 39% da média do mês e o reservatório operou, em 31 de agosto de 2021, com 48% de seu volume útil (faixa de operação “Atenção”), apresentando uma diminuição de 7% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 55% da média do mês, e o armazenamento no reservatório, em 31 de agosto, foi 17% do volume útil, representando uma redução de 8% em relação ao final do mês anterior. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 57% da média do mês de agosto. O reservatório operou com 28% de seu volume útil, representando uma redução de 4% em relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 55% da média histórica para o mês de agosto. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 34% da média do mês de agosto, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 11%, o que representa um declínio de 30% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 30% da média. O nível de armazenamento do reservatório atingiu 24% no final de agosto, representando um declínio de 35% em relação ao valor no final de julho. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 69% da média, e o armazenamento no reservatório foi 44% do seu volume útil, representando uma redução de 1% em relação ao nível do mês anterior.
F. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Atualmente, os indicadores atmosféricos em relação ao fenômeno ENOS (El Nino-Oscilação Sul) mostram patamares de neutralidade, ou seja, não temos nem La Niña, nem El Niño. Por outro lado, segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, um consistente resfriamento das águas superficiais e as previsões dos modelos oceânicos indicam a possibilidade de um novo ciclo de La Niña iniciando no trimestre setembro-outubro-novembro de 2021 (SON/2021). O Bureau of Meteorology (Austrália) determinou estado de atenção para uma La Niña, o que significa uma chance de 50% para a ocorrência da La Niña; quase o dobro de uma chance normal. Dado o cenário crítico de seca no Brasil (Figura IIS) esta é uma informação importante. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em agosto/2021) concordam em prever, durante SON/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados das regiões Centro-Oeste e Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de agosto/2021, é também consistente ao indicar um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. Vale recordar que os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso se encontram em período climatológico de estiagem, durante o qual não ocorre chuva substancial. O início esperado (climatológico) da estação chuvosa nestas regiões ocorre durante outubro. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre a região denominada Continente Marítimo, no Pacífico Oeste. Há poucas chances de que venha afetar as chuvas sobre o Brasil nas próximas semanas. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, para a Região Sul, chuvas acima da média até o dia 20 de setembro, aproximadamente. Após, não estão previstas chances para chuvas significativas nas regiões afetadas pela seca no Brasil.