SUMÁRIO (clique aqui)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de fevereiro, se comparado ao do mês de janeiro, aponta a desintensificação da seca em grande parte da porção central do país. Por outro lado, na porção nordeste da região semiárida, no estado de São Paulo e parte do estado do Pará, ocorreu a intensificação da seca.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 645 municípios da Região Nordeste apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de fevereiro, sendo a maior parte destes localizados nos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. Na Região Norte, 38 municípios apresentaram mais do que 40% de suas áreas de uso impactadas, a maior parte destes localizados no estado do Pará. Nas regiões Centro-Oeste, sudeste e Sul estes números foram de 80, 296 e 114 municípios, respectivamente.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão afluente de 67% da média histórica, bem como a UHE de Passo Real, com vazão afluente de 51% do esperado no mês. A UHE de Segredo, ainda no Sul, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa a partir de dezembro e no mês de fevereiro de 2021, a vazão foi cerca de 9% superior à média histórica. Na Região Centro-Oeste, as vazões afluentes ao reservatório da UHE de Serra da Mesa foram 7% acima da média histórica, devido às abundantes precipitações ocorridas na bacia neste mês, e o nível de armazenamento atingiu 28% no final de fevereiro. Na Região Sudeste, destaque para o reservatório da UHE de Furnas que registrou no mês de fevereiro cerca de 64% da vazão histórica e armazenamento de 34% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico da região metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 65% da média histórica, e armazenamento em torno de 49% do volume útil, situação pior quando comparado ao mesmo período do ano de 2020 (59%). Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE de Três Marias apresenta uma situação menos crítica, com volume de 67% do volume útil, e vazão afluente média de 79% da média histórica para o mês de fevereiro.
A La Niña se aproxima de seu fim, mas ainda está ativa. As chances de a La Niña existir durante o trimestre Março-Abril-Maio (MAM/2021) são de 60%, quase o dobro da chance climatológica, mas declinaram sensivelmente em relação à previsão anterior. A La Niña é um fator modulador da chuva na Região Sul e no sul do Brasil-Central, no sentido de favorecer déficit de chuva. As previsões sazonais multi-modelo de chuva preveem, durante MAM/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul e no MS e SP. Ressalta-se que o oeste de SP e MS vêm apresentando condições de seca de moderada a extrema. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, para o extremo da Região Sul um cenário favorável à chuva somente até o início de abril. No oeste de SP e MS as previsões subsazonais indicam baixas chances para chuva nas próximas 4 semanas.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: FEVEREIRO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de janeiro de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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Saiba mais sobre o Índice Integrado de Seca (IIS)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI) com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI) e a Umidade do Solo. Baixos níveis de água no solo tem o potencial para iniciar o processo de estresse hídrico na vegetação, com possíveis danos ao desenvolvimento vegetativo e perda de produtividade. Os dados de Umidade do Solo são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 25 km.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O cálculo do SPI é baseado na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo-se o produto final na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de fevereiro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois sub-índices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
C. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO
Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à média histórica. Os dados são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 50 km, gerados 4 vezes por mês. Os resultados mostrados aqui representam a média dos resultados divulgados para fevereiro.
As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de fevereiro de 2021 são mostradas na Figura a seguir. Os estados mais afetados com seca excepcional são Pará, Mato Grosso e São Paulo. Adicionalmente, partes de Sergipe, Goiás, Tocantins e Minas Gerais também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca excepcional.
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Fevereiro/2021
Avaliação do IIS para o mês de fevereiro em comparação com o mês de janeiro:
- Seca Fraca: Aumento de 774 para 1006 municípios.
- Seca Moderada: Redução de 489 para 170 municípios.
- Seca Severa: Redução de 51 para 2 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2021
E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Fevereiro/2021
Avaliação do IIS para o mês de fevereiro em comparação com o mês de janeiro:
- Seca Fraca: Aumento de 50 para 114 municípios.
- Seca Moderada: Redução de 119 para 29 municípios.
- Seca Severa: 0 município.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2021
F. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO CENTRO-OESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Fevereiro/2021
Avaliação do IIS para o mês de fevereiro em comparação com o mês de janeiro:
- Seca Fraca: Aumento de 55 para 157 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 154 para 219 municípios.
- Seca Severa: Redução de 232 para 88 municípios.
- Seca Extrema: 0 municípios.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2021
G. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Fevereiro/2021
Avaliação do IIS para o mês de fevereiro em comparação com o mês de janeiro:
- Seca Fraca: Redução de 581 para 415 municípios.
- Seca Moderada: Redução de 566 para 320 municípios.
- Seca Severa: Redução de 351 para 87 municípios.
- Seca Extrema: Redução de 35 para 7 municípios.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2021
H. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUL
Índice Integrado de Seca (IIS): Fevereiro/2021
Avaliação do IIS para o mês de fevereiro em comparação com o mês de janeiro:
- Seca Fraca: Redução de 555 para 185 municípios.
- Seca Moderada: Redução de 172 para 1 municípios.
- Seca Severa: Redução de 7 para 0 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2021
I. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as áreas das bacias afluentes aos reservatórios das UHE de Serra da Mesa (Centro-Oeste), Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste) bem como para as bacias no Sul do país (incluindo as UHE de Segredo, Barra Grande, Passo Real e Itaipu), pode ser observado na Figura 1b e caracteriza uma situação de seca variando entre normal a moderada nas bacias localizadas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na região Sul, nota-se condições de normalidade na bacia de drenagem do reservatório da UHE de Barra Grande, de normal a fraca em Passo Real e variando de normal a moderada em Segredo. Na bacia de drenagem da UHE Itaipu observa-se, uma condição de seca normal a moderada em relação ao IIS na maior parte da área, e com regiões de seca severa na porção sudeste da bacia.
Em fevereiro de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 65% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 49% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), representando um aumento de aproximadamente 6% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 79% da média histórica do mês e o reservatório operou, em 28 de fevereiro de 2021, com 67% de seu volume útil (faixa de operação “Normal”), apresentando uma elevação de 11% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 64% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório atingiu34% do volume útil, valor 8% superior ao registrado no final de janeiro.
No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural apresentou uma notável recuperação em relação aos meses anteriores, cerca de 7% acima da média histórica do mês, em virtude das abundantes precipitações registradas na bacia (cerca de 134% acima da média histórica). O reservatório operou no final do mês com 28% de seu volume útil, apresentando um aumento de 7% com relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão afluente foi 67% da média histórica para o mês, representando uma queda em relação ao mês anterior, cujo valor foi de 77% em relação à média do mês. As defluências das barragens a montante da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizadas no Rio Iguaçu, ocorridas durante o mês de fevereiro de 2021, caracterizaram uma vazão afluente média ao reservatório, de 9% acima da média histórica do mês, o que representa uma ligeira queda quando comparado ao valor registrado no mês anterior. A redução na vazão média da bacia contribuiu para a queda do nível de armazenamento no reservatório, de 85% em 31 de janeiro para 63% no final de fevereiro.
Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 79% da média histórica, caracterizando uma redução significativa em relação ao mês anterior (100% acima da média histórica). No entanto, como esperado, o nível de armazenamento do reservatório registrou uma elevação de 20% do seu volume útil em relação ao valor no final de janeiro. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 51% da média histórica, e o armazenamento no reservatório foi 33% do seu volume útil, valor semelhante quando comparado ao mês anterior (32%).
J. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
A La Niña se aproxima de seu fim, mas ainda está ativa. Enquanto os indicadores atmosféricos são compatíveis com uma situação de resfriamento, o oceano mostra sinais de aquecimento. As chances de a La Niña existir durante o trimestre Março-Abril-Maio (MAM/2021) são de 60%, quase o dobro da chance climatológica, mas declinaram sensivelmente em relação à previsão anterior. A La Niña é um fator modulador da chuva na Região Sul e no sul do Brasil-Central, no sentido de favorecer déficit de chuva.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em fevereiro/2021) concordam em prever, durante MAM/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul e no MS e SP. Ressalta-se que o oeste de SP vem apresentando condições de seca de moderada a extrema. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, para o extremo da Região Sul um cenário favorável à chuva somente até o início de abril. No oeste de SP as previsões subsazonais indicam baixas chances para chuva nas próximas 4 semanas. Não há atividade relevante da Oscilação de Madden-Julian que poderia afetar o padrão de chuvas no Brasil.