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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de junho, quando comparado ao do mês de maio, aponta o enfraquecimento das condições de seca em grande parte do Brasil, além da sua intensificação principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.175 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de junho. Os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que tiveram o maior número de municípios com áreas agroprodutivas afetadas acima de 40%. Enquanto o Rio Grande do Norte se destacou como o estado que teve o maior número de municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão de 51% da média histórica, menor valor já registrado no período 1993-2020 para o mês de junho. A UHE Segredo, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa em dezembro, contudo, a partir de março de 2021 vem registrando valores abaixo da média histórica, e no mês de junho a vazão foi cerca de 29% da média. Destaca-se também a UHE Passo Real, ainda na Região Sul, com vazão 7% acima da média histórica do mês. Na Região Centro-Oeste, as vazões naturais da UHE Serra da Mesa foram 78% da média, e o nível de armazenamento do reservatório foi 35% no final de junho. Na Região Sudeste, destaque para a UHE Furnas que registrou no mês de junho cerca de 53% da vazão média e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 29% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE Três Marias apresenta uma situação menos crítica em termos de volume armazenado no reservatório, com 61% do volume útil. No entanto, a vazão natural ficou em torno de 48% da média do mês de junho. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 38% da média, e o armazenamento em torno de 45% do volume útil.
O ciclo da mais recente La Niña terminou, porém, este episódio muito provavelmente teve influência para compor o cenário crítico de seca no Brasil central. Esta situação de neutralidade deve perdurar durante o trimestre julho-agosto-setembro de 2021 (JAS/2021). Ainda que não haja influência da La Niña, vale recordar que os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso se encontram em período climatológico de estiagem, durante o qual não ocorre chuva substancial. Portanto, não há expectativas para alívio da crise hídrica atual nos próximos três meses. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em junho/2021), e do Centro Europeu (ECMWF), concordam em prever, durante JAS/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. Ressalta-se que para esta região, JAS/2021 é climatologicamente um período chuvoso. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, para a Região Sul, um cenário desfavorável para a precipitação até meados de agosto.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: JUNHO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de junho de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: Junho em relação à maio
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de junho e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Junho/2021
D. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO
Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à saturação. Os dados são derivados do satélite SMAP (NASA), que estima a quantidade de água em camadas superficiais do solo. Posteriormente, esses dados são incorporados em um modelo hidrológico, resultando em estimativas da umidade do solo em uma camada de 1 m de solo, onde a maior parte das raízes se localizam. Esse produto final é disponibilizado várias vezes ao longo do mês e tem resolução espacial de aproximadamente 25 km. Os resultados mostrados aqui são referentes ao produto disponibilizado no dia 29 de junho.
As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de junho de 2021 são mostradas na figura a seguir. Os estados mais afetados com seca extrema são Minas Gerais, São Paulo, Piauí e Maranhão. Adicionalmente, partes dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca severa.
E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para a área da bacia afluente ao reservatório da UHE de Serra da Mesa (Centro-Oeste) apresenta uma situação de normalidade à seca fraca. Para as bacias das UHEs de Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica seca variando de fraca à moderada. Para a bacia da UHE de Itaipu, o IIS-6 indica uma melhoria da condição de seca em relação ao mês anterior, embora ainda predominem condições de seca fraca à moderada. Nas bacias localizadas na Região Sul do país (incluindo as UHE de Segredo, Barra Grande e Passo Real), pode ser observada uma situação normal à seca fraca, indicando uma melhoria para esta região.
Em junho de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 38% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 45% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), representando uma diminuição de aproximadamente 3% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 48% da média do mês e o reservatório operou, em 30 de junho de 2021, com 61% de seu volume útil (faixa de operação “Normal”), apresentando uma diminuição de 5% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 53% da média do mês, e o armazenamento no reservatório, em 30 de junho, foi 29% do volume útil, representando uma redução de 8% em relação ao final do mês anterior. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 78% da média do mês de junho. O reservatório operou com 35% de seu volume útil, representando uma redução de 2% em relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 51% da média histórica para o mês de junho, representando o menor valor já registrado no período 1993-2020 para o mês de junho. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 29% da média do mês de junho, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 78%, o que representa um aumento de 19% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 102% da média. O nível de armazenamento do reservatório atingiu 84% no final de junho, representando um acréscimo de 24% em relação ao valor no final de maio. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 107% da média, e o armazenamento no reservatório foi 46% do seu volume útil, o que representa um acréscimo de 16% em relação ao mês anterior.
F. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores atmosféricos em relação ao fenômeno ENOS (El Nino-Oscilação Sul) mostram patamares de neutralidade. Em outras palavras, a última La Niña terminou seu ciclo e tampouco há condições de El Niño. Esta situação de neutralidade deve perdurar durante o trimestre julho-agosto-setembro de 2021 (JAS/2021), segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, ambos dos EUA. O cenário crítico de seca no Brasil central (seca severa a extrema), muito provavelmente se deve à influência da La Niña durante a última estação chuvosa. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em junho/2021) concordam em prever, durante JAS/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul e no estado de São Paulo. A do modelo de previsão sazonal do Centro Europeu (ECMWF), emitida em junho/2021, também indica um cenário equivalente. Adicionalmente, a previsão do CPTEC/INMET/FUNCEME indica condições desfavoráveis para chuva no Mato Grosso do Sul.
As previsões subsazonais (até a 4a semana) indicam, para a Região Sul, um cenário desfavorável para a precipitação até meados de agosto. Durante os meses de maio a agosto não há atividade relevante da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) que possa influenciar o padrão de chuvas no Brasil. Durante o verão (setembro a março), a OMJ pode ter influência positiva em episódios de chuva no Brasil.