Identificar as áreas de risco de deslizamentos nas comunidades serranas e também os indícios dos fatores que causam esses deslizamentos foram as atividades desenvolvidas no trabalho em campo com estudantes das escolas dos municípios de Santos e de Cubatão, na região litorânea e serrana de São Paulo. A segunda etapa das oficinas de Monitoramento de Deslizamentos, realizadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – coordenadas por pesquisadores da RedeGeo e do Cemaden Educação- contaram com a parceria das Defesas Civis Municipais e apoio dos coordenadores e professoras das escolas.
As oficinas foram realizadas nas escolas estaduais Emílio Justo (Vila Progresso, em Santos) e Maria Helena Duarte Caetano (no Bairro Cota 200, em Cubatão). Nessas escolas, foram instaladas, em junho deste ano, as Plataformas de Coletas de Dados Geológicos (PCDs Geo) do Cemaden. Os equipamentos integrados por pluviômetros automáticos e sensores de umidade do solo são destinados ao monitoramento e prevenção de riscos de deslizamentos.Esses equipamentos fazem parte do Projeto RedeGeo/Remaden, que tem apoio da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) e estão sendo instaladas em 10 localidades do território nacional, onde tem mais ocorrências e riscos de deslizamentos de encostas em áreas urbanas.
Na 1ª Oficina, realizada no final de agosto nas duas escolas, foram apresentadas aos estudantes informações científicas sobre a tipologia de solos, metodologia de pesquisa, o monitoramento das áreas de risco de deslizamentos, além do histórico das ocorrências no município e nas comunidades no entorno das escolas.
Na 2ª Oficina, os alunos trabalharam com a geografia física e humana, conheceram os principais fatores que causam deslizamentos, os indicadores de perigos ou riscos desses desastres, bem como as ferramentas de apoio ao mapeamento. Nessa segunda etapa, foram realizadas atividades de observação em campo, ocorridas no último dia 19 de setembro em Santos e no dia 20, em Cubatão.
Nas duas escolas, durante a segunda Oficina, a admiração dos alunos foi no momento da projeção do mapa do Google Earth. A surpresa foi ampliada quando foi feita a navegação nesse mapa, identificando a localidade de suas escolas e moradias, bem como na apresentação do relevo da região em que vivem: “Não acredito que nossa escola esteja no mapa!”, disse maravilhado um dos alunos. “Nossa! Nós moramos em um paredão!”, afirma espantado outro aluno, quando descobre o relevo e a topografia da encosta na região da Serra do Mar, onde está localizada sua comunidade.
Após os preparativos para pesquisa em campo e elaboração da Ficha de Observação, saíram no entorno das escolas para realizar o mapeamento participativo das áreas de risco, acompanhados pelos pesquisadores do Cemaden, Defesas Civis Municipais e professores da escola. Os alunos puderam observar os elementos da paisagem que compõem o terreno da escola e entorno, a observação minuciosa dos locais das ocorrências informadas pelas Defesas Civis, os indicadores de perigo de deslizamentos e localização no mapa dessas observações.
Em Santos, a média anual de chuvas já foi ultrapassada em julho deste ano
O geólogo Marcos Bandini, da Defesa Civil de Santos, destacou o que ele denomina “memória geológica do morro da Vila Progresso”, apresentando aos alunos o histórico das ocorrências mais severas com vítimas e a importância do conhecimento dos riscos e monitoramento para evitar perdas humanas e prejuízos econômicos. “Existem restrições severas nas áreas de risco dos entornos e do centro da Vila Progresso. Vamos compartilhar os instrumentos e ferramentas para observar e monitorar as nossas casas.”, enfatizou o geólogo Bandini, repassando informações sobre o tipo de terreno, de construções e os indicadores de perigos de deslizamentos. “O volume esperado de chuva (ou a média anual de chuva), em Santos, é de 2.500 mm (ou seja, 2,5 metros de água por metro quadrado)”, afirma o geólogo e complementa: “ Neste ano, até o mês de julho, o acumulado das chuvas já ultrapassou a média anual”. Ele explica que, quando entrar o período de chuvas, o solo já estará encharcado aumentando, portanto, os riscos de deslizamentos.
Cerca de 30 alunos, do 9º ano do ensino fundamental e médio da escola Emílio Justo, percorreram três localizações da Vila Progresso, em Santos, anotando as observações e trocando informações com os pesquisadores do Cemaden, Defesa Civil de Santos e professores da escola. A próxima etapa é compartilhar com outras escolas as informações da pesquisa e do mapeamento das áreas de risco de deslizamentos da Vila Progresso, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a ser realizada na segunda quinzena do mês de outubro, no Parque Tecnológico em São José dos Campos (SP).
Fonte: Ascom/Cemaden
Foto: Ascom/Cemaden
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