Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 08/01/2020

9 de janeiro de 2020 Monitoramento, Monitoramento Hidrológico, Relatório Cantareira

A precipitação média espacial, acumulada durante o período chuvoso de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2019, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP [1] e 17 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 366 mm (351 [1]mm), o que representa 33% (31%[1]) da média climatológica do período chuvoso, outubro a março (1133 mm). Para o mês dezembro de 2019, a precipitação média espacial foi 202 mm (187[1] mm), o que representa 98% (90%[1]) da média climatológica para este mês (207 mm) (Figura 1).

[1] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.

**Figura 1.** Precipitação mensal na bacia do Sistema Cantareira (em mm) de acordo com os dados do CEMADEN. Ano hidrológico: outubro – setembro. MLT: média de longo termo.

A vazão média afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2019, de acordo com dados da SABESP[2] e da ANA[3] foi 17 m³/s, 35% da vazão média para a estação chuvosa (50 m³/s). Para o mesmo período, a vazão média de extração total foi 31 m³/s e a vazão média de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi de 5,1 m³/s.

[2] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.

[3] ANA: Agência Nacional de Águas.

Para o mês de dezembro de 2019, a vazão média afluente foi 30 m³/s, o que representa 68% da vazão média mensal histórica (44 m³/s). Para o mesmo período, a extração média de água do Sistema Cantareira para o sistema elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 22,7 m³/s, e a vazão de jusante (Qjus) que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ) foi de 3,2 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 25,9 m³/s. Ainda no mês de dezembro, a vazão média de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 5,1 m³/s.

Nos próximos dias há previsão de chuvas abundantes e com acumulados pluviométricos, muito provavelmente, superiores à média histórica da época na bacia do Sistema Cantareira, conforme se mostra na Figura 2. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana, apresentadas na Figura 3, apontam acumulados pluviométricos próximos à média histórica.

**Figura 2.** Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 3 (esquerda) e 10 (direita) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GFS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.

**Figura 3.** Previsão de precipitação em milímetros (mm) acumulados (esquerda) e sua respectiva anomalia em relação aos valores climatológicos (direita) para a segunda semana de acordo com o modelo numérico americano GFS/NCEP/NOAA.

A figura 4 apresenta, além das vazões médias mensais observadas, as projeções de vazão média mensal afluente (em m³/s), usando a média dos membros de previsão de vazão para o período 09 a 18 de janeiro de 2020, e cenários de precipitação para o período de 19 de janeiro a 31 de março de 2020. Foram considerados cinco diferentes cenários de precipitação: média climatológica, 25% acima da média climatológica, 25% e 50% abaixo da média climatológica e um cenário crítico de precipitações iguais às ocorridas entre janeiro a março de 2014. As simulações indicam que, considerando um cenário de chuva na média histórica, a vazão média no período de janeiro a março de 2020 seria 55 m³/s, o que representa 86% da média histórica desse período (64 m³/s). Ainda de acordo com esta simulação, no cenário crítico, a vazão para o mesmo período seria, aproximadamente, 38 m³/s, representando 59% da vazão média histórica do período.

**Figura 4.** Cenários de vazão natural média mensal (em m³/s) afluente ao Sistema Cantareira (linhas tracejadas): precipitação 50% abaixo da média climatológica (verde); precipitação 25% abaixo da média climatológica (azul claro); na média climatológica (cinza); 25% acima da média climatológica (azul escuro); e cenário crítico (2014) (laranja). As linhas espessas representam as vazões médias mensais observadas, de acordo com a SABESP: média histórica (preto); mínimos mensais (marrom); de abril de 2018 a março de 2019 (magenta); e de abril a dezembro de 2019 (roxo).

A figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: a previsão e projeções de vazões; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa; e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,13 m³/s. No cenário de precipitações pluviométricas na média climatológica, no final da próxima estação chuvosa, no final de março de 2020, o volume armazenado no Sistema Cantareira, considerando a interligação, seria aproximadamente 618 hm³ (63% de 982 hm³, volume útil do Sistema Cantareira). Na simulação sem a interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, o volume armazenado seria, aproximadamente, 581 hm³ (59%) para 31 de março de 2020.