Esta edição do boletim traz a situação para o mês de junho de 2021 e projeções hidrológicas com horizonte até dezembro de 2021. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, em 30 de junho de 2021 (45%), é pior quando comparada ao mesmo período de 2020 (56%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em junho de 2021, a média desta vazão de extração foi 21 m³/s. Ainda em junho, choveu o equivalente a 43% da média histórica do mês, enquanto a vazão afluente aos reservatórios foi 38% da média histórica, valor inferior quando comparado ao mesmo período do ano de 2020 (50%). Com relação às projeções, considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica de julho a dezembro, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno de 78% da média histórica do período e o armazenamento no sistema, no final de dezembro de 2021, poderá chegar a 40%.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses secos, de abril a junho de 2021, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2] e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 77 mm (72² mm), o que representa 20% (19%²) da média histórica (1983-2020) da estação chuvosa (378 mm, abril – setembro). No mês de junho de 2021, a precipitação acumulada foi 24 mm (26² mm), o que representa 43% (47%²) da média histórica para este mês (55 mm) (Figura 1).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de abril a junho de 2021, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 13 m3/s, 43% da média de vazão para a estação seca (30 m3/s). Para o mesmo período, a média de vazão de extração total dos reservatórios foi 31 m³/s e a média de vazão de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 7,6 m³/s.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Para o mês de junho de 2021, a média de vazão afluente foi 13 m3/s, o que representa 38% da vazão média mensal histórica (34 m3/s), valor inferior ao registrado no mesmo período de 2020 (50%). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 21 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ), foi 10 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 31 m³/s. Ainda no mês de junho de 2021 a média do aporte, proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, foi 7,5 m³/s.
Previsão de chuva
A bacia de captação do Sistema Cantareira já se encontra em pleno período seco. Nesse período as chuvas ocorrem apenas em decorrência de passagens de frentes frias. Em particular, nos próximos 3-10 dias não há previsão de chuvas expressivas (Figura 2) o que, em função da época do ano, não representa uma anomalia. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana apresentadas na Figura 3, também indicam um cenário de precipitações dentro da média do período.
Projeções de vazão afluente
A Figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (05 a 14 de julho de 2021) e, a partir do dia 15 de julho foram considerados cinco cenários de precipitação: média histórica (1983-2020), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (julho a dezembro de 2013). As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de julho a dezembro de 2021, poderá alcançar cerca de 22 m³/s, o que representa 78% da média histórica desse período (29 m³/s). Para cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 49% e 28% da média histórica desse mesmo período, respectivamente.
Projeções de armazenamento
A Figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa (2,09 m³/s e 1,55 m³/s, respectivamente); e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,13 m³/s (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931) para o período de simulação. As projeções indicam que o reservatório deverá operar na faixa de operação “alerta” (armazenamento entre 30% e 40%) nos próximos meses. Entretanto, considerando os cenários de precipitação na média histórica e 25% acima, o reservatório retornará no final do horizonte de projeções (dezembro de 2021) para a faixa de operação “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%). Em dezembro de 2020, o reservatório operou com 36% da capacidade. Importante salientar que, operando abaixo de 30% de armazenamento, o reservatório entra na faixa de “restrição”.