O artigo publicado ontem (30), pelo Jornal Valor Econômico, de autoria do cientista e climatologista Carlos Nobre, destaca, entre as instituições de pesquisa do MCTIC e as estaduais, a contribuição do Cemaden para a orientação do planejamento agrícola, à gestão hídrica e à mitigação de desastres naturais no semiárido do Nordeste. Mesmo com a rede de proteção social criada na região pelos gestores públicos- englobando 10 milhões de habitantes rurais e urbanos – o artigo aponta a necessidade da possível expansão de programas emergenciais. Há previsão do agravamento da crise, a ponto da maioria dos açudes secarem até o início de 2018.
A diminuição dos impactos da seca aos pequenos produtores da agricultura familiar e à sociedade em geral, na região do semiárido brasileiro, é um dos resultados obtidos pela Ciência para a orientação das ações e políticas públicas aos governos federal e estaduais adotadas para a mitigação da seca. Mas, pelas secas consecutivas e o agravamento da crise hídrica, será necessária a manutenção e expansão dos programas emergenciais. Essa análise está fundamentada no artigo intitulado “Usando a ciência climática para combater a indústria da seca”, de autoria do cientista e climatologista Carlos Nobre, publicado, ontem (30), pelo Jornal Valor Econômico.
O artigo destaca que a previsão climática elaborada pelas instituições de pesquisa federais e estaduais têm sido aperfeiçoada, ao longo do tempo, desde a intensa seca de 2012. Desse ano até hoje, as previsões climáticas e informações científicas têm dado apoio, de forma mais sistemática, ao planejamento agrícola, à gestão hídrica e à mitigação de desastres naturais.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – ambos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – e a área de pesquisa da Agência Nacional das Águas (ANA), entre muitas outras, são citadas pelo cientista Carlos Nobre. Essas instituições fornecem informações para a compreensão das causas mais profundas da seca do semiárido do Nordeste, além da previsão com antecedência de alguns meses sobre as probabilidades da estação chuvosa, que ocorre entre fevereiro e maio.
Agravamento da crise hídrica do semiárido e o risco de secar açudes até início de 2018
O risco de chuvas abaixo da média histórica, apontado pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – em sua recente previsão de chuvas de fevereiro a maio para o Norte do Nordeste – é um agravante para o armazenamento de água na maioria dos médios e grandes açudes. O artigo aponta as projeções da maioria desses açudes secarem até o início de 2018, trazendo uma crise humanitária para milhões de nordestinos.
Todas as informações científicas sobre o semiárido, cita o autor, orientam a formulação das políticas públicas dos governos federal e estaduais para a canalização de recursos de mitigação para as áreas atingidas. Essas ações direcionadas como a de transferência de renda, fornecimento de água e apoio à agricultura de subsistência, entre outros programas, são lembradas como exemplos da construção de uma rede de proteção social para mais de 10 milhões de habitantes rurais e urbanos em todo o Nordeste. Nobre alerta sobre a manutenção e até expansão dos programas emergenciais.
Carlos Nobre é climatologista, professor de pós-graduação do INPE, pesquisador-colaborador do Cemaden, tendo sido seu criador em 2011, enquanto exercia a função de Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC. É membro da Academia Brasileira de Ciências.