As experiências dos desastres naturais ocorridas no Japão – principalmente sobre inundações, deslizamentos e recuperação de cidades atingidas – foram apresentadas pelo pesquisador da ONU, relacionando-as aos maiores desastres naturais ocorridos no Brasil e no mundo
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), finalizou hoje (27/11) o ciclo de palestras de 2014, com a apresentação da palestra pelo professor Yosuke Yamashiki, da Universidade de Kyoto (Japão), abordando o tema “Diagnóstico e mitigação de desastres de origem fluvial e sedimentar no Japão”.
Membro do Instituto de Prevenção e Redução de Desastres, no Japão, o pesquisador Yosuke Yamashiki – engenheiro especializado em deslizamentos e enchentes -desenvolve trabalhos de modelagem de deslizamento de massa, mitigação de desastres e gestão de bacias hidrográficas, em vários países do mundo. Como pesquisador do Centro de Referência em Redução de Desastres, órgão ligado à ONU, realizou estudos geológicos na região serrana do Rio de Janeiro, em março de 2011, após o megadesastre ocorrido em janeiro daquele ano.
O professor Yamashiki se encontrava em trabalhos de pesquisa na América do Sul, quando ocorreu, em março de 2011, o pior terremoto do Japão, provocando o tsunami e o acidente nuclear de Fukushima. Mesmo assim, ele manteve sua agenda de trabalhos, dando continuidade aos estudos e análise dos deslizamentos no município de Teresópolis (RJ), o mais destruído pelas chuvas de janeiro daquele ano.
O pesquisador desenvolve, no mundo todo, estudos do cenário de desastres, apresentando teorias e soluções que são avaliados pelos governos locais, ajudando a desenvolver sistemas de alerta, a fim de prever os riscos de desastres. Atualmente, vem realizando trabalhos de pesquisa na Escola de Altos Estudos Integrados em Sobrevivência Humana, da Universidade de Kyoto e na Universidade de São Paulo.
O ciclo de palestras faz parte do Projeto Temático “Vulnerabilidade, Impactos e Adaptação” (IAV), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), coordenado pelo pesquisador José Marengo, do Cemaden/MCTI. As palestras e debates foram dirigidos aos pesquisadores e tecnologistas do Cemaden, em São José dos Campos (SP) e transmitido por videoconferência ao Cemaden de Cachoeira Paulista (SP).
Pesquisas e avanços no monitoramento e alerta
“O objetivo dos seminários dentro do Cemaden é favorecer o intercâmbio de conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento de pesquisas sobre desastres naturais, principalmente, entre os pesquisadores e tecnologistas recém- ingressos, por concurso público, na instituição.”, informa o Coordenador de Pesquisa, José Marengo. Ressalta que os seminários objetivam, também, contribuir para a continuidade e aprimoramento dos trabalhos de pesquisa, no âmbito da IAV-Fapesp, desenvolvidos, desde 2010. Essas pesquisas envolveram diversas instituições e universidades, como o Inpe, USP, Unesp, Unicamp, Rede Clima, CPTEC, entre outras parcerias com pesquisadores nacionais e internacionais, nas áreas multidisciplinares voltadas aos estudos de Mudanças Climáticas e Desastres Naturais.
“A missão fundamental do Cemaden é monitorar e emitir alertas da provável ocorrência de desastres, associados aos fenômenos naturais, para os órgãos de Defesa Civil, usando tecnologias avançadas de monitoramento e previsões hidrometeorológicas e geodinâmicas.”, destaca o coordenador-geral de Operação e Modelagem, pesquisador Eduardo Mário Mendiondo, enfatizando a importância do intercâmbio entre pesquisadores para o aprimoramento do sistema de monitoramento e alerta, avançando na qualidade e confiabilidade desses alertas, para prevenção e mitigação dos desastres.
A diretora do Cemaden, pesquisadora Regina Célia dos Santos Alvalá, lembra que o significativo aumento da ocorrência de desastres naturais que atingiu o país, nos últimos anos – vitimando milhares de pessoas e acarretando severos prejuízos socioeconômicos – exigiu a criação de um sistema de alerta, reunindo competências científicas e tecnológicas de várias áreas de conhecimento. “Apesar do Brasil possuir competência técnica para monitorar fenômenos de natureza meteorológica, hidrológica, geológica e agronômica de forma disciplinar, não existia órgão na esfera federal que monitorasse esses processos de uma maneira integrada”, destaca a pesquisadora.
“Com a criação do Cemaden, em 2011, o monitoramento passou a ser organizado e multidisciplinar, utilizando modelos de monitoramento, adotados em poucos países no mundo, sendo uma inovação na América Latina.”, afirma a diretora e complementa : “A capacitação dos pesquisadores e tecnologistas, feita pela interação junto aos “experts” de outros países e instituições, enriquece as atividades desenvolvidas pelo Cemaden, o qual tem a finalidade de salvaguarda de vidas.”