Durante uma semana, 40 participantes integrantes de defesas civis do estado de São Paulo, pesquisadores e área acadêmica obtiveram informações teóricas e práticas das ações sobre desastres naturais. O objetivo foi o de integrar as informações entre instituições de pesquisa e Defesas Civis, facilitando a comunicação e ações para prevenção, mitigação e preparação, principalmente, dos processos de inundação e deslizamentos nas áreas de risco.
O Curso “Práticas de Prevenção e Gerenciamento de Riscos de Desastres Naturais”, promovido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – em parceria com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado de São Paulo (Cedec) e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), foi realizado entre os dias 12 e 16 de setembro, no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
O diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes enfatizou sobre a importância dos esforços para aprimorar a comunicação com as Defesas Civis, nos processos de monitoramento, prevenção e alertas dos riscos de desastres naturais. Destacou a oportunidade do curso em promover o intercâmbio de conhecimentos científicos e práticos, entre Cemaden, Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), CPRM e Defesas Civis, como integrantes das bases do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais.
“Um dos desafios é o de aprimorar os procedimentos de comunicação entre o Cemaden e as Defesas Civis.”, afirma o diretor Osvaldo Moraes na abertura do curso. “Para nós, é importante saber como os alertas emitidos pelo Cemaden serão recebidos, como serão aplicados na comunidade de risco e receber o retorno das Defesas Civis sobre a situação local e os resultados do alerta.”
O secretário-chefe da Casa Militar do Estado de São Paulo e coordenador Estadual de Defesa Civil, Cel. PM José Roberto Rodrigues de Oliveira enfatizou a importância do trabalho cotidiano dos agentes das Defesas Civis municipais e a conscientização sobre a missão com a sociedade. “É fundamental, cada vez mais, fortalecer o sistema da Defesa Civil. O dia-a-dia desse trabalho deve manter a reflexão constante do chamado ‘círculo de ouro’ : o quê, como e o porquê faço para protegermos uma pessoa.” , afirma o secretário.
Abordagens do curso e práticas em campo
Dentro da programação do Curso Práticas de Prevenção e Gerenciamento de Riscos de Desastres Naturais, foram abordados assuntos referentes ao Mapeamento de áreas de risco, Monitoramento e Alerta, Plano de Contingência e Evacuação Emergencial, Atividade em Campo e Mapeamento e exercícios e avaliações sobre as atividades.
Na área de monitoramento e alerta, a equipe de pesquisadores do Cemaden apresentou o uso das ferramentas e sistemas de monitoramento disponíveis, interpretação de alertas e coleta de informações de ocorrências. Foram discutidas com são tomadas as decisões com base na construção do cenário de risco, avaliando impacto desse risco e probabilidades de ocorrência, feita de forma interdisciplinar de profissionais de geodinâmica, meteorologia, hidrologia e desastres naturais.
O coordenador de preparação e gestão de riscos, do Cenad, Rafael Pereira Machado, palestrante do tema sobre Plano de Contingência, destacou a oportunidade do curso em construir a interação entre o conhecimento científico das instituições de pesquisa e desenvolvimento às boas práticas da atuação da Defesa Civil nas situações emergenciais. “Em razão da extensão continental do país, esse fluxo de interação de conhecimentos e práticas permite maior eficiência nas atividades desenvolvidas pelas equipes das Defesas Civis para a preparação, prevenção e resposta aos riscos de desastres naturais junto à sociedade.”
Além das técnicas de mapeamento das áreas de risco de desastres naturais, o curso também ofereceu atividades em campo, para o mapeamento e identificação das áreas de risco, com visitas nos bairros Mirante do Buquirinha, Buquirinha II e Freitas, no município de São José dos Campos (SP). Os participantes tiveram atividades práticas para o levantamento e avaliação das áreas de risco de deslizamentos e de inundação, com a equipe de técnicos da CPRM, coordenada pela geóloga e pesquisadora em Geociências, Andrea Lazaretti.
Balanço sobre o curso feito pelos participantes
Conhecimentos, comunicação e integração foram pontos importantes destacados pelos participantes do curso, realizado durante uma semana no Parque Tecnológico. Defesas civis de diversas regiões do Estado de São Paulo participaram do curso, como as Defesas Civis do Consórcio do ABC, a do Vale do Ribeira, da Região de Marília entre outros municípios da Grande São Paulo e interior.
O coordenador de Defesa Civil de São José dos Campos, Cel. Custódio Barreto Neto, considerou entre, os pontos positivos do curso, o compartilhamento de ações e intercâmbio de conhecimentos entre as Defesas Civis de São Paulo, permitindo criar um intercâmbio que será mantido entre os municípios. Também, ressaltou a oportunidade de ampliar os conhecimentos científicos de alto nível com os palestrantes. “Todas as informações e ferramentas de gerenciamento das áreas de risco, como exemplo, as técnicas de plotagem das áreas de risco e a documentação das fases de evolução dessas áreas, são importantes no trabalho de mitigação de desastres naturais”, afirma o coordenador.
Representando 52 municípios, houve a participação de representantes da Coordenação Estadual da Defesa Civil Regional de Marília. O coordenador-adjunto, Harold Scharf, destacou a importância das atividades do trabalho em campo e as orientações técnicas, do ponto de vista científico, sobre como os procedimentos dos primeiros passos para melhor atendimento nas comunidades de risco. “Todas as informações vão contribuir para uma atuação mais eficiente e eficaz nas atividades dos municípios, conhecimentos que compartilharemos na região.”
A agente da Defesa Civil, Liv da Costa Domingo, atuando há 5 anos no município de Atibaia, disse que as informações obtidas no curso permitem atualizar as ações e procedimentos entre os agentes, as instituições e a sociedade. “O curso possibilitou alinhar a comunicação entre as instituições, com uma linguagem clara e objetiva.”, afirma a agente, enfatizando a importância dessa comunicação no feedback, ou retorno das ações e resultados da Defesas Civis municipais nos relatórios estaduais e nacionais. “ É importante que esse sistema do banco de informações seja integrado, para aprimoramento da eficiência e agilidade, de forma a não sobrecarregar, principalmente, nos momentos dos atendimentos de crise extrema.”
Representando 14 municípios do Vale do Ribeira, o coordenador-adjunto da Defesa Civil Estadual, Célio de Farias, considerou que o conteúdo abrangente do curso esclareceu muitas dúvidas das atividades cotidianas das Defesas Civis. “ Os conhecimentos teóricos e a visão detalhista científica repassada pelos palestrantes aprimoram nosso trabalho de prevenção de riscos. Nossas atividades em campo, sempre foram mais voltadas no contato com os moradores.”