A discussão internacional sobre a importância dos sistemas de alerta de desastres foi impulsionada após o grande tsunami de 26 de dezembro de 2004, que atingiu partes da Ásia e África e acarretou milhares de vítimas. No ano seguinte, o Marco de Ação de Hyogo sinalizava o compromisso em investir nos sistemas de alerta e na preparação das comunidades, que deveriam ser envolvidas em estratégias de prevenção e mitigação de desastres. Atualmente, presenciamos um número cada vez maior de países que organizam seus sistemas de alerta.
No Brasil, a implantação de um sistema nacional de alerta de risco de desastres ocorreu a partir da catástrofe da Região Serrana do Rio de Janeiro, ou seja, é recente. Às dificuldades de se estabelecer uma rede de monitoramento se adicionam os obstáculos em preparar o país para se deparar com essa nova cultura de prevenção e mitigação de desastres, um novo paradigma que o próprio Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil se mostrou inicialmente resistente, sobretudo pela crença de que as pessoas entrariam em pânico diante de alertas de risco de desastres. Em vez do “pânico”, outras representações e práticas têm-se mostrado diante dessa nova realidade dos sistemas de alerta.
Diante do novo quadro de responsabilidade dos governos em relação à proteção dos seus cidadãos face ao risco de desastre, torna-se imprescindível conhecer as relações que compõem a cadeia do sistema de alerta, debruçando-se cientificamente sobre as perspectivas socioculturais do sistema e as diferentes dimensões de vulnerabilidade que lhe perpassam. A incorporação da análise de vulnerabilidade no âmbito da gestão de risco e dos sistemas de alerta é um fato relativamente recente, que pode contribuir para subsidiar o planejamento e as estrategias de mitigação e redução dos riscos atuais e futuros.