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El Niño influenciou no aumento dos incêndios e na diminuição de captação de carbono em 2015/2016, apontam pesquisadores

Pesquisadores britânicos e brasileiros avaliaram que o fenônemo El Niño impactou, em nível mundial, na variação de chuvas e aumento de temperaturas, resultando no aumento de incêndios, nos anos de 2015 e 2016, principalmente, na América do Sul, que teve um aumento de 13% na áreas queimadas e emissão de carbono. O estudo sobre os diferentes resultados provocados pelo El Niño foi publicado, nesta quarta-feira (10), no jornal científico internacional Frontiers in Earth Science, no artigo intitulado “El Niño driven changes in global fire 2015/16” (Mudanças provocadas pelo El Niño no incêndio global 2015/2016).

Os anos do El Niño são caracterizados por uma anomalia de alta temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial, o que leva a condições excepcionais de alta temperatura e secas, em muitas regiões propensas a incêndios em todo o mundo. Isso pode levar a um aumento na área queimada e nas emissões de gases e efeito estufa para a atmosfera, oriundos das queimadas e incêndios florestais. Além disso, destacam-se as perdas socioeconômicas, impactos na saúde da população e comprometimento de serviços prestados pelas florestas, como produtos madeireiros, não madeireiros, estoque de carbono e manutenção da biodiversidade. .

A pesquisa coordenada pela pesquisadora Chantelle Burton do Met Office( instituto meteorológico do Reino Unido), teve a participação da pesquisadora Liana Anderson, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), além de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de universidades britânicas da cidade de Exeter. Esta colaboração é fruto da parceria entre o Reino Unido e unidades de pesquisa do MCTI, denominada CSSP-Brasil (Climate Science for Service Partnership – Iniciativa de Ciência para Serviços Climáticos no Brasil ).

“O modelo utilizado na avaliação dos diferentes resultados provocados pelo El Niño mostra que houve variação das chuvas em algumas áreas no mundo, incluindo o norte da América do Sul, sul da África e leste da Ásia. Essas áreas ficaram mais secas, além do aumento de temperatura na maioria das regiões do mundo.”, afirma a pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson. Como resultado, ela explica que a seca e o aumento da temperatura (induzidos pelo El Niño) provocaram o aumento do número de incêndios, principalmente na América do Sul, além de maior diminuição de captação de carbono pela vegetação.

“Os resultados indicam que, nos anos de 2015 e 2016 – mesmo não tendo atingido o pico de incêndios e queimadas nesse período – o El Niño contribuiu para uma redução de 4% no sumidouro de carbono terrestre.”, destaca a pesquisadora. O sumidouro de carbono é o processo que retira os gases de efeito estufa da atmosfera e faz o armazenamento em florestas, oceanos, solos e outros locais, onde os organismos capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera.

Os estudos mostram um aumento em algumas áreas queimadas no sul dos Estados Unidos, América do Sul e Austrália central e uma diminuição as áreas queimadas na África e leste da Ásia.  “A área queimada, globalmente, foi maior com o El Niño no último semestre de 2015 e as emissões de gases efeito estufa foram maiores na maior parte do período de julho de 2015 a junho de 2016.”, informa a pesquisadora Liana Anderson.

O artigo científico completo “El Niño driven changes in global fire 2015/16” (Mudanças provocadas pelo El Niño no incêndio global 2015/2016), está disponível no endereço:

https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/feart.2020.00199/full

Fonte: Ascom/Cemaden

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