Estimular as comunidades escolares para promover ações de pesquisa, mapeamento de áreas de risco, monitoramento, produção de dados e informações para prevenção e redução do risco de desastres foram as experiências compartilhadas pelas Defesas Civis, no 5º webinário da Campanha #AprenderParaPrevenir 2020, realizado, ontem (10).
Promovido pelo Programa Cemaden Educação, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – participaram do encontro virtual as Defesas Civis Estaduais de Santa Catarina e do Acre, além da Defesa Civil Municipal de Jaboatão dos Guararapes, de Pernambuco.
O encontro virtual foi mediado pela pesquisadora do Cemaden Educação, Maria Francisca Velloso, que apresentou o histórico da participação das instituições (Escolas, Defesas Civis, Universidades) desde 2016, na Campanha #AprenderParaPrevenir e, neste ano, pela pandemia, a inclusão de Agentes de Saúde da Família. Mostrou como participar da 5a edição da campanha deste ano, na produção de campanhas virtuais, mostrando as etapas de produção sobre o tema “Desastres, Desastres, Desastres! O que podemos fazer? E a Educação?”, e as orientações disponibilizadas no site do Cemaden Educação. A mediadora reforçou a importância das parcerias das Defesas Civis nessas campanhas e o desafio, neste ano, para aumentar essa participação.
Programa Defesa Civil na escola: ampliar a resiliência nas comunidades
A gerente de Pesquisa e Extensão, Regina Panceri, da Defesa Civil de Santa Catarina, especialista em gestão de risco de desastres, apresentou o Programa “Defesa Civil na escola”, desenvolvido para ampliar a resiliência, frente a ocorrência de eventos extremos que ocorrem no estado. Ela lembrou que Santa Catarina é o 3º estado do País que mais sofreu prejuízos causados por diversos tipos de desastres, nos últimos 20 anos. “Iniciado como projeto, hoje o programa visa incorporar no currículo escolar a temática ‘Proteção e Defesa Civil nas escolas’, capacitando professores e alunos a atuarem na proteção e na prevenção de riscos de desastres.” Panceri explica que a ideia é dar continuidade ao programa, ano a ano, motivando as escolas nos trabalhos de educação ambiental, para que os alunos se tornem multiplicadores, atuando na prevenção de riscos de desastres. Entre as atividades desenvolvidas, estão os encontros virtuais e presenciais, capacitação de professores e de alunos desde 6º até o 9º ano do Ensino Fundamental. Na capacitação, o programa organizou os conteúdos em quatro módulos, desde os conhecimentos básicos sobre Defesa Civil; percepção e ações para prevenção, mitigação de desastres; preparação e resposta a desastres até a elaboração e implantação do Núcleo Escolar de Proteção e Defesa Civil. “Em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e as 20 coordenadorias regionais das Defesas Civis, estimulamos os municípios a participarem e incorporarem o programa nas escolas.”
Projeto envolve escolas no trabalho interdisciplinar e a participação da comunidade
O coordenador estadual da Defesa Civil do Acre, Cel. James Gomes, com formação em Licenciatura em Matemática e experiência em Defesa Civil, apresentou o projeto realizado no estado nos anos de 2017 e 2018, em sete escolas da rede pública estadual. O projeto envolveu professores e alunos desde o 9º ano do Ensino Fundamental até o 2º ano do Ensino Médio. Foram duas escolas na capital (uma na zona rural) e as outras localizadas, inclusive, na tríplice fronteira (com Peru e Bolívia). O trabalho envolvia a instalação de pluviômetros semiautomáticos nas escolas na região da Bacia do Rio Acre, mais vulneráveis a inundações, além da capacitação dos professores a alunos. “Envolvendo os professores das disciplinas como Matemática, Física e Biologia, os alunos realizaram o monitoramento pluviométrico, elaboraram boletins diários e produziram alarmes e alertas sobre riscos de inundação.”, explica o coordenador. O trabalho foi estendido nas casas dos alunos, onde produziram e instalaram pluviômetros artesanais, para confirmar e complementar os dados levantados no pluviômetro semiautomático. “O projeto foi muito envolvente, pois houve a participação dos pais dos alunos, que ajudavam a coletar os dados dos pluviômetros artesanais.”, explica Cel. Gomes, lembrando que o projeto do município de Capixaba foi premiado, em nível nacional e representado em feiras científicas escolares: “A Defesa Civil trabalha com o aluno e o aluno trabalha com a família”, destaca Cel. Gomes.
Projeto de ações educacionais agregando conhecimentos e saberes da educação formal, não-formal e informal
Rejane Lucena, educadora e membro da Defesa Civil há 21 anos, atua na Gerência de Planejamento e Proteção da Defesa Civil, da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Desenvolveu as metodologias do Cemaden Educação, em 16 projetos distintos, nas 16 escolas localizadas em áreas de risco de inundações e de deslizamentos. Em sua apresentação, mostrou as experiências e reflexão sobre as ações de Educação para Redução de Risco de Desastres (ERRD) : na educação formal (onde a escola é integrada na construção do conhecimento, com ações e programas interdisciplinares voltados à educação ambiental e à prevenção de desastres); na educação informal (as pessoas tem acesso ao conhecimento, por exemplo, a família dos alunos envolvidos nas ações educativas de RRD) e na educação não-formal (a construção educativa ocorre com as práticas da organização comunitária, quando a participação nas ações tem uma função educativa). “Fazer o reconhecimento dos saberes e dos conhecimentos próprios da comunidade é fundamental para construirmos a participação integrada, nas ações para a redução dos riscos de desastres.”, enfatiza Lucena. Destacou, também, a importância das parcerias de várias instituições (como secretarias de educação, universidades e instituições federais) para a realização do trabalho: “É preciso estimular as comunidades para pensarem nos riscos de desastres junto conosco, para que participem dos processos decisórios, fundamentais na construção de ações para a prevenção do risco”, destaca a educadora.
A Campanha #AprenderParaPrevenir 2020 e o último webinário no dia 24
A coordenadora do Cemaden Educação, Rachel Trajber fez o encerramento do 5º webinário da Campanha #AprenderParaPrevenir, destacando a importância da participação das Defesas Civis no compartilhamento das ações educativas nas escolas, bem como a contribuição das experiências, ideias e conceitos para a campanha. Finalizou lendo uma mensagem, evidenciando que as Defesas Civis, Vigilância Sanitária e Vigilância epidemiológica precisam ser valorizadas e divulgadas no Brasil.
O 6º e último webinário está programado para ser realizado no próximo dia 24 de setembro, às 11 horas, com o tema: “Desastres, desastres, desastres! O que podemos fazer?”.
As informações sobre a campanha e a gravação dos webinários, estão disponibilizadas no site do Cemaden Educação no endereço:
Campanha: http://educacao.cemaden.gov.br/aprenderparaprevenir2020
Playlist webinários #AprenderParaPrevenir 2020
https://www.youtube.com/watch?v=OeVXqSkA5Rk&list=PLHtaKTOPDIDIgiztXxBzNJvlRatCW36jf
Fonte: Ascom/Cemaden