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Emissões de carbono persistem décadas após os incêndios florestais na Amazônia

Em novo estudo científico, pesquisadores brasileiros e britânicos revelam que é significativo o volume de emissões de carbono (CO2), mesmo cessados os incêndios florestais na Amazônia.  Os cientistas estimam que, em 30 anos depois da ocorrência dos incêndios, as emissões por decomposição de árvores mortas equivalem a 76% das emissões totais de carbono. Isso significa que, mesmo após o término dos incêndios florestais na Amazônia e cessadas as emissões por combustão, ainda há uma quantidade expressiva de CO2 que continua sendo liberada para atmosfera por décadas.

Até o momento, também não se conhecia a quantificação das emissões de carbono  que seriam anuladas pelo crescimento da floresta, depois dos incêndios. Algumas estimativas chegaram a considerar que, após o fogo, a regeneração da floresta compensaria toda as emissões por combustão. O estudo mostrou que apenas 35% de todas as emissões de CO2 são compensadas através da regeneração parcial da floresta, após o distúrbio causado pelo fogo.

A pesquisadora do Liana Anderson, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), coautora dos estudos, explica que as florestas afetadas pelo fogo não voltam ao seu normal, porém se transformam em um tipo diferente de floresta, com  menor capacidade de estocar carbono, com estrutura e diversidade diferentes da floresta pristina ( floresta original, sem intervenções humanas).

A pesquisadora Camila Silva, doutoranda da Universidade de Lancaster (Reino Unido) liderou o estudo em colaboração com pesquisadores de diversas instituições de pesquisa no Brasil e Reino Unido. Explica que para realizar a investigação, os cientistas monitoraram os processos de mortalidade e crescimento das florestas ao longo dos anos, subsequentes aos incêndios em diversas regiões da Amazônia brasileira.

As emissões provenientes dos incêndios florestais na Amazônia ainda não estão contabilizadas nos inventários nacionais de gases de efeitos estufa. Para os pesquisadores, os resultados desse estudo demonstram um avanço no conhecimento, pois revelam a magnitude das emissões líquidas de CO2 reunindo os três componentes principais: emissões por combustão, emissões por decomposição e sequestro através da regeneração pós-fogo.

Os estudos foram divulgados, no último dia 21 de outubro, pela revista científica internacional  IOPscience -Environmental Research Letters ,  com o título “Estimating the multi-decadal carbon deficit of burned Amazonian forests” (Estimando o déficit de carbono multidecadal das florestas amazônicas queimadas).  O trabalho científico na íntegra pode ser acessado pelo link: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/abb62c

Fonte: Ascom/Cemaden

 

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