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Escola do Bairro Cota 200, em Cubatão, adere ao projeto de monitoramento das chuvas e do risco de deslizamentos

Foto: Ascom/Cemaden

As oficinas sobre Monitoramento de Deslizamentos, realizadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – coordenadas por pesquisadores do Programa RedeGeo e do Cemaden Educação-  contaram com a parceria da Defesa Civil de Cubatão e apoio da direção e professores da Escola Estadual Maria Helena Duarte Caetano, do Bairro Cota 200 , em Cubatão, município paulista da Baixada Santista. Duas oficinas sobre Monitoramento de Deslizamentos foram realizadas para cerca de 15 alunos do Ensino Médio, os quais tiveram conhecimentos científicos sobre tipologia do solo, metodologias de pesquisa, históricos de ocorrências, mapeamento das áreas de risco e prevenção do risco de deslizamentos.

Na 1ª Oficina de Monitoramento de Deslizamentos, o professor da disciplina de Geografia e  os alunos do 1º Ano do Ensino Médio aderiram ao projeto monitoramento das chuvas, do Cemaden Educação. As pesquisadoras do Cemaden Educação orientaram os alunos para a produção e utilização de pluviômetros artesanais, feitos com material de garrafas PET. Três pluviômetros artesanais foram instalados na escola para monitorar as chuvas, de forma diária, quinzenal e mensal. O projeto incentiva os alunos a instalarem pluviômetros artesanais em suas casas, com o objetivo de acompanhar a medição do nível acumulativo das chuvas.

“O Bairro Cota 200 tem um microclima próprio, diferente do clima da Baixada Santista.”, afirma o professor de Geografia, Rafael Afonso Pellegrini de Almeida Lucas e complementa: “É fundamental que os alunos tenham o conhecimento do lugar em que moram, para adoção de medidas de prevenção de risco de desastres.”, destaca o professor, que todos os dias percorre com sua moto cerca de 130 km (entre ida e volta), saindo da cidade de Ribeirão Pires para lecionar no período da manhã na escola do Bairro Cota 200, em Cubatão e, no período da tarde,  na escola localizada em Praia Grande, município do litoral paulista.

Histórico do Bairro Cota 200 e as medidas de prevenção do risco de deslizamentos

O Bairro Cota 200 foi iniciado no final da década de 1930 (em 1938), quando foi escolhida como área para sede do alojamento de trabalhadores, durante a construção da rodovia Anchieta. Encravado na Serra do Mar, o nome Cota 200 foi originado pela delimitação da cota topográfica, associada aos 200 metros acima do nível do mar.

Denominado pela mídia como “ilha de cidade” no meio da Serra do Mar, o bairro passou nas últimas décadas por uma reurbanização. Atualmente, cerca de 800 famílias, composta por 4 mil pessoas, aproximadamente, moram no Bairro Cota 200. Muitas trabalham na área industrial de Cubatão ou nas cidades vizinhas da Baixada Santista. As famílias vivem cercadas por um dos últimos remanescentes da Mata Atlântica no País. O bairro ficou conhecido, internacionalmente, quando no ano de 2014, durante a realização da Copa do Mundo, no Brasil, recebeu a visita do Príncipe Harry, membro da família real inglesa.

Como área de encosta, Bairro Cota 200 é conhecida também, pelas ocorrências de deslizamentos, enxurradas e alagamentos, sujeita a muitas chuvas e com áreas de riscos.

Na 2ª Oficina de Monitoramento de Deslizamentos, Rogério Luizatto, da Defesa Civil de Cubatão, apresentou as características da inclinação do terreno, o tipo de solo, a quantidade de chuva, a intervenção da topografia dos terrenos pela ocupação humana, entre outras. “Esses fatores são os causadores da instabilidade no solo e, por consequência, o aumento dos riscos de deslizamentos”, afirma. Informou que no período entre 2006 e 2008, estudos realizados por diversas instituições apontaram que no Bairro Cota 200 existiam 130 moradias de risco médio e 280 moradias com risco alto e muito alto de deslizamentos.

Luizatto informou que houve diminuição significativa das ocorrências na região serrana de Cubatão. Foram feitos trabalhos de remoção de famílias das áreas de risco, implantação de rede de drenagem, construção de muros de contenção e arrimo, melhoria dos acessos e no sistema de rede de saneamento, entre outras medidas dentro do Plano de Recuperação da Serra do Mar e do Projeto Socioambiental da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).

Segundo os registros da Defesa Civil de Cubatão, as ocorrências registradas entre 2011 e 2012, totalizaram 600 atendimentos. Em 2013, foram registradas 14 ocorrências no Bairro Cota 200. Entre os anos de 2013 e 2019, diminuíram essas ocorrências, sendo registrado um total de 5 casos de desastres, nos últimos seis anos.

Com a participação dos alunos nas discussões sobre as interferências da ação humana nos terrenos onde ocorreram deslizamentos, muitos demonstravam conhecimento das causas desses deslizamentos. “Quando conseguimos nos conscientizar dos riscos e trabalhar pela comunidade para evitar novas ocorrências, já estamos fazendo parte do Sistema de Prevenção que envolve diversas instituições.”, afirma Luizatto, da Defesa Civil de Cubatão.

Trabalho em campo e observação dos riscos de deslizamentos no Cota 200

Os alunos do Bairro Cota 200 visitaram as áreas de risco no entorno da escola, inclusive na área onde ocorreu o mais recente deslizamento. O trabalho em campo foi conduzido pelo coordenador do Projeto RedeGeo do Cemaden, geólogo Márcio Andrade, responsável pelas Oficinas sobre Monitoramento de Deslizamentos – juntamente com a pesquisadora do Cemaden Educação, Francisca Vellozo- pela equipe da Defesa Civil de Cubatão ( Rogério Luizatto e João Bosco da Silva) e pelo professor Rafael Afonso Lucas, da escola  Maria Helena Duarte Caetano.

“Nosso estudo e aprendizado para evitar riscos de deslizamentos irão ajudar a comunidade na prevenção de novas ocorrências.”, afirma Maria Gabriela Silva dos Santos, de 15 anos, aluna do 1º Ano do Ensino Médio, que demonstrou ter uma percepção sobre construções inadequadas nos terrenos em áreas de risco e está pensando em cursar Engenharia Civil. “Precisamos ter esse conhecimento sobre vulnerabilidades e riscos.”, diz Luan Felipe de Lima Silva, de 15 anos, que também cursa o 1º Ano do Ensino Médio, comentando ser importante o projeto de monitoramento das chuvas e monitorar os sinais de deslizamentos. “Assim, nós mesmos vamos saber como monitorar as áreas mais propícias a deslizamentos e ajudar a comunidade na prevenção desses riscos.”

Disseminação da ciência para prevenção de riscos de deslizamentos

O pesquisador e coordenador do Projeto RedeGeo do Cemaden, Márcio Andrade, considerou fundamental o compartilhamento do conhecimento científico e a aplicação da Ciência para prevenção  de deslizamentos, junto aos estudantes e disseminado nas comunidades onde existem riscos nesse tipo de desastres. “O ideal seria que essas atividades práticas e educativas sobre o sistema de monitoramento e de prevenção chegassem em todas as comunidades onde estão sendo instaladas as PCDs Geo.”, afirma o pesquisador do Cemaden e complementa “Esperamos que as experiências das oficinas de Santos e de Cubatão, juntamente com as metodologias do Cemaden Educação, fossem modelos a serem utilizados em outros municípios.”

A expectativa dos alunos e professores das escolas  de Santos e de Cubatão, onde ocorreram as oficinas da RedeGeo e Cemaden Educação, é a participação na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que está sendo organizada pelo Cemaden e por outras instituições no Vale do Paraíba. A ideia é que os projetos de pesquisa e de mapeamento das áreas de risco, realizados pelos alunos das escolas, sejam compartilhados com outras escolas da região,  durante o evento da SNCT,  que será realizado no Parque Tecnológico em São José dos Campos (SP), na segunda quinzena de outubro.

Fonte: Ascom/Cemaden

Foto: Ascom/Cemaden
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