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Estudos mostram as causas dos extremos de chuva e as tendências do aumento dos impactos na Região Metropolitana de São Paulo

 

Chuvas intensas concentradas em poucos dias, separados por períodos mais longos de seca estão sendo cada vez mais frequentes. Os eventos extremos- como deslizamentos, inundações repentinas ou secas – vêm aumentando e, por consequência, provocando o aumento nos impactos socioeconômico e ambientais, nos 39 municípios da Região Metropolitana de SP, com mais de 12 milhões de habitantes.

Um artigo  publicado, neste mês de agosto,  pela Editora Frontiers, intitulado Changing Trends in Rainfall Extremes in the Metropolitan Area of Sao Paulo : Causes and Impacts” (Tendências em mudança nos extremos de precipitação na Região Metropolitana de São Paulo: causas e impactos), apontam que as causas dos eventos extremos – como deslizamentos e inundações – provocados pelas chuvas intensas, vão desde a variabilidade do clima até o aquecimento global e/ou urbanização. Por outro lado, houve um aumento dos dias secos consecutivos, causado pelas variações da pressão atmosférica, influenciando o transporte da umidade.

Os estudos coordenados pelo climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) –  unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – analisam as tendências observadas em eventos extremos de chuva na Região Metropolitana de São Paulo, com base nos dados pluviométricos registrados em mais de 60 anos. A precipitação anual total e o número de dias com precipitação de 20 mm exibem o maior aumento significativo durante 1930–2019, principalmente, no Verão. Nessa estação do ano, têm-se um crescente registro no número de dias com precipitação de 100 mm ou acima de 100 mm.

“Apesar de contraditório, a precipitação intensa concentra-se em poucos dias, separados por períodos de seca mais longos. Isso indica uma mudança climática importante nos últimos tempos.”, destaca o climatologista José Marengo. Explica que as variações da circulação atmosférica estão contribuindo para essas mudanças.  “Durante o ano de 1960-2019, o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul intensificou-se e moveu-se, rapidamente, para o sudoeste, em relação a sua posição normal.”, enfatiza o coordenador-geral do Cemaden. Esse anticiclone é um sistema de alta pressão semipermanente sobre o sul do Oceano Atlântico, responsável pela ocorrência de boa parte das chuvas no período chuvoso do centro-sul e Sudeste brasileiro. A mudança da posição desse anticiclone influencia o transporte de umidade, afetando a precipitação. Isso pode explicar o aumento das chuvas intensas na Região Metropolitana de São Paulo.

No estudo, os cientistas brasileiros fazem uma recomendação sobre a necessidade de procedimentos a serem adotados por governos e instituições que trabalham com o gerenciamento de risco de desastres, como consequência de extremos climáticos, frente ao clima cada vez mais quente, com chuvas mais extremas e população mais vulnerável nas áreas urbanas.

O artigo completo “Changing Trends in Rainfall Extremes in the Metropolitan Area of Sao Paulo : Causes and Impacts” está disponibilizado no link:

https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fclim.2020.00003/full

(Fonte: Ascom/Cemaden)

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