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Estudos sobre impactos dos incêndios florestais estimam perda acumulada no Acre, em cinco anos, de cerca de R$ 981 milhões

O gráfico apresenta o resumo dos resultados do artigo : (a) Área queimada total em km² por ano analisado, onde as cores representam as datas no mapa. Área queimada por: (b) Tipo de Uso e Cobertura; (c) Domínio da área, subdividido em (d) Domínio Governamental e (e) Domínio Privado. Além do valor estimado (f) para os grupos de perdas. (Fonte:Cemaden)

 

Um estudo recente divulgado na edição especial da renomada revista Remote Sensing, intitulado “Translating Fire Impacts in Southwestern Amazonia into Economic Costs ” (Traduzindo os Impactos do Fogo no Sudoeste da Amazônia em Custos Econômicos), apontou que, no período de 2008 a 2012, o Estado do Acre acumulou uma perda de R$ 981,08 milhões,  provocada pelos incêndios florestais. Isso equivale a 9% do PIB estadual. As reservas extrativistas são as que tiveram mais registros de incêndios florestais  nesse período.

O estudo faz parte de projetos que visam monitorar, quantificar e mensurar os impactos dos incêndios florestais para a região, como o MAP-Fire e Acre Queimadas, que contam com a participação de pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), da Universidade Federal do Acre e da Universidade Federal do ABC, além de outras instituições internacionais.

Segundo os pesquisadores, o trabalho científico – assim como outros estudos ao longo da última década – demonstra que em anos de eventos de secas extremas, (como, por exemplo,  o do ano de 2010), associados ao aquecimento incomum do Oceano Atlântico,  provocaram o aumento de mil km² de florestas queimadas na região, comparado aos anos com regime de chuva dentro da média histórica.

A pesquisa aponta  que  as áreas queimadas nos anos de 2008, 2009, 2011 e 2012 no Acre,  foram em média de 130 km², enquanto para o ano de 2010 este valor está na ordem de 2 mil km². A distribuição espacial das áreas queimadas indica que a região mais impactada, significativamente,  encontra-se no entorno do município de Rio Branco.

A pesquisadora Liana Anderson, do Cemaden – uma das autoras dos estudos e orientadora de Wesley Campanharo, estudante de Doutorado do INPE, que liderou o estudo – explica que os impactos socioeconômicos e ambientais quantificados no estudo podem ser considerados subestimados.

“Isto ocorre porque não foram avaliados todos os impactos diretos e indiretos dos incêndios florestais, como por exemplo, a perda de serviços ecossistêmicos destas florestas ( como biodiversidade)  e  a oferta de produtos florestais das comunidades que exploram estes recursos ( como castanha e óleos vegetais)”, afirma Anderson.

Áreas queimadas em áreas particulares, unidades de conservação e territórios indígenas

Os autores separaram o impacto por “domínio da área”, ou seja, qual é a responsabilidade gestora da área, ou de órgãos públicos ou de propriedades privadas. Os resultados demonstraram que mais de 98% das áreas que sofreram incêndios florestais são de responsabilidade da sociedade civil, ou seja, propriedades privadas, onde as grandes propriedades se destacam com mais de 52% das áreas queimadas.

O pesquisador Wesley Campanharo destaca que, em média, os minifúndios apresentaram 32% de registros de queimada. Além disso, foram registradas queimadas em áreas de proteção permanente e de reserva legal.  Informa que, por outro lado, o estudo não aponta se estas áreas queimadas foram convertidas em uso agrícola ou outro uso, sendo esta identificação a próxima etapa da pesquisa em andamento.

Ainda, segundo o autor, áreas de domínio da União representam em média 2% do total de áreas queimadas. Em relação aos Territórios Indígenas, 31 comunidades no estado foram afetadas entre 2008 e 2012. A comunidade Mamoadate apresentou a maior área queimada em 2010 (cerca de 11,20 km²) sendo o único território indígena que queimou duas vezes seguidas.

Reserva Extrativista traz maior área de incêndios florestais

As Unidades de Conservação do tipo “Reserva Extrativista” (RESEX) foram as que apresentaram a maior área queimada. A  RESEX Chico Mendes foi a que teve registro de maiores áreas queimadas ao longo dos anos estudados.  Estas áreas foram fortemente impactadas pelos incêndios florestais em 2008, 2010 e 2011. O do ano de 2010 foi o mais significativo: cerca de 35 km², o que corresponde a 0,4% da RESEX.

A Unidade de Conservação permite que populações tradicionais exerçam atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Estas atividades podem necessitar da utilização do fogo como opção mais barata e acessível dentro de alguma técnica de manejo agrícola. Entretanto, os pesquisadores alertam que devem seguir as orientações estabelecidas em Plano de Manejo, além de tomar precauções e seguir orientações técnicas de uso, para que não saiam de controle.

O artigo completo pode ser acessado pelo endereço:

https://www.mdpi.com/2072-4292/11/7/764 

(Fonte: Ascom/Cemaden)

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