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Método para participação das pessoas na prevenção de desastres combina maquetes interativas, arte e ciência

Pesquisa mostra a importância do uso de métodos participativos para promover o engajamento entre diversas gerações no diálogo sobre inovações sociais para prevenção de desastres.  Os estudos foram realizados em São Luiz do Paraitinga (SP), cidade que, em 2010, vivenciou a grande inundação. O método permitiu que as pessoas pudessem visualizar e interpretar os perigos locais, vulnerabilidades, capacidades e medidas de mitigação de riscos.

 

Um artigo científico publicado no jornal internacional Disaster Prevention and Management, da Editora Emerald Publishing (Reino Unido), mostra o papel das maquetes interativas como método participativo para o engajamento intergeracional na redução de risco de desastre (RRD). A publicação tem a participação de Victor Marchezini, sociólogo e pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A pesquisa foi realizada em São Luiz do Paraitinga (SP), cidade que sofreu impactos socioambientais e econômicos, pela grande inundação no ano de 2010. Os pesquisadores utilizaram um modelo 3D participativo de baixo custo (maquete interativa) – em conjunto com métodos secundários, como entrevistas semiestruturadas, mesas-redondas, discussões e apresentações – envolvendo o público em geral, professores (as), estudantes do ensino médio e crianças.

Publicado com o título “Maquete participativa para promover engajamento intergeracional na redução de risco de desastre em São Luiz do Paraitinga, Brasil” (Participatory 3D model to promote intergenerational engagement for disaster risk reduction in São Luiz do Paraitinga, Brazil), o estudo foi liderado por Miguel Angel Trejo-Rangel, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (PGCST/INPE); teve a participação do pesquisador Victor Marchezini,  do Cemaden/MCTI,  de Daniel Andres Rodriguez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da contribuição de Melissa da Silva Oliveira, graduanda da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) que fez sua iniciação científica no Programa PIBIC/Cemaden.

“Quando São Luiz vivenciou a inundação, em 2010, houve um grande fluxo de atores para a cena do desastre, incluindo cientistas. Esse grande fluxo causou uma espécie de fadiga nos moradores, que tinham que responder entrevistas, questionários, entre outros. Por isso, em vez de ir até as pessoas para solicitar uma entrevista, criamos essa maquete interativa,  exposta em uma praça pública, em um sábado, com a finalidade de chamar a atenção e curiosidade das pessoas sobre a maquete”, explica Miguel Tejo, complementando que a partir dessa maquete interativa, foram utilizados outros métodos de coleta de dados.

“A maquete interativa foi fundamental para a coleta de dados, pois os participantes foram atraídos por uma atividade lúdica, que permitiu abordar um tema tão delicado e sério, de forma leve e emocionante”, afirma Melissa Oliveira, que fez iniciação científica no PIBIC/Cemaden, resumindo o aprendizado com a pesquisa.

Marchezini explica que as pessoas que participaram da pesquisa pertenciam a grupos de diferentes faixas etárias, e não só caracterizaram a vulnerabilidade do próprio território e os perigos aos quais estão expostos, como também propuseram medidas de mitigação de riscos de desastres, associados a inundações e deslizamentos. “A maquete interativa é uma tecnologia social que formulamos, em 2006, no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED/UFSCar). Nesse novo estudo, combinamos a maquete interativa com outros instrumentos de pesquisa, para que os moradores de diferentes idades formulassem, coletivamente, propostas de mitigação de riscos”, afirma o sociólogo e pesquisador do Cemaden.

O artigo apresenta um total de 19 medidas de mitigação de riscos pensadas em julho de 2019 pela comunidade, incluindo os estudantes de Ensino Médio da Escola Monsenhor Ignacio Gioia, em São Luiz do Paraitinga (SP). Além do artigo, os autores do estudo produziram três pequenos vídeos (em Inglês, Espanhol e Português) com os principais resultados da pesquisa.

Inovação para divulgar os resultados da pesquisa

Outra interessante forma de publicar os resultados da pesquisa, de forma a aproximar arte e ciência, foi o Mapa Síntese, produzido por Melissa Oliveira, ex-aluna do PIBIC/Cemaden. Ela explica: “O resultado da maquete interativa permitiu a representação das falas dos luizenses no Mapa Síntese, metodologia que desenvolvi na iniciação científica inspirada nos trabalhos da designer gráfico Paula Scher.”, afirma a pesquisadora e complementa: ” A arte é a manifestação de quem somos por meio de diversas linguagens. Neste caso, o mapa sintetiza experiências que tivemos em São Luiz, a partir dos estudos, informações históricas e trechos das entrevistas que foram coletadas. Através desta obra, valorizamos a memória luizense sobre seu lar, rememorando os 10 anos da inundação.”

O acesso ao artigo “Maquete participativa para promover engajamento intergeracional na redução de risco de desastre em São Luiz do Paraitinga, Brasil” (Participatory 3D model to promote intergenerational engagement for disaster risk reduction in São Luiz do Paraitinga, Brazil) está disponibilizado no endereço:

https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/DPM-08-2020-0262/full/html

Para acessar os vídeos referentes ao artigo:

Em português: https://www.youtube.com/watch?v=Rdqvzv_QNm8

Em espanhol: https://www.youtube.com/watch?v=Ned_NaoxGJE&t=2s

Em inglês: https://www.youtube.com/watch?v=u5rmJyti8RQ

 

Fonte: Ascom/Cemaden

Mapa Síntese : aplicação da Arte para valorizar a memória do lar pela população de São Luiz do Paraitinga (SP), uma década após a grande inundação.

 

Maquete interativa : método para interagir com a população na redução de risco de desastres.

 

Maquete interativa : incentiva participação de estudantes para a redução de risco de desastres.

 

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