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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – ABRIL/2021

SUMÁRIO (clique aqui)

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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de abril, se comparado ao do mês de março, aponta a intensificação da seca em grande parte da porção centro-sul do país.

De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 703 municípios da Região Nordeste apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de abril, sendo a maior parte destes localizados nos estados da Bahia e Pernambuco. As regiões Sul e Sudeste tiveram, por sua vez, 332 e 302 municípios com mais de 40% de suas áreas de uso impactadas. Nas regiões Centro-Oeste e Norte estes números foram de 118 e 20 municípios, respectivamente.

Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão de 49% da média histórica, bem como a UHE de Passo Real, com vazão de 25% do esperado no mês. A UHE de Segredo, ainda no Sul, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa a partir de dezembro, contudo, no mês de abril de 2021, a vazão foi cerca de 38% da média histórica. Na Região Centro-Oeste, as vazões naturais da UHE de Serra da Mesa foram 63% da média histórica, e o nível de armazenamento do reservatório atingiu 37% no final de abril. Na Região Sudeste, destaque para a UHE de Furnas que registrou no mês de abril cerca de 46% da vazão histórica e armazenamento no reservatório encerrou o mês com 39% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico da região metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 35% da média histórica, e o armazenamento em torno de 51% do volume útil, situação pior quando comparado ao mesmo período do ano de 2020 (62%). Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE de Três Marias apresenta uma situação menos crítica em termos de volume armazenado no reservatório, com 70% do volume útil, no entanto a vazão natural ficou em torno de 40% da média histórica para o mês de abril.

Atualmente temos uma La Niña bastante enfraquecida, no final de seu ciclo. Segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, ambos dos EUA, as maiores chances são de que o trimestre Maio-Junho-Julho (MMJ/2021) apresente características normais. O cenário crítico apresentado pelo IIS com condições de seca moderada à severa, nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, muito provavelmente se deve à atuação da La Niña durante a estação chuvosa (últimos 6 meses) nestas regiões. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em abril/2021) concordam em prever, durante MMJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul e no MS e SP. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, um cenário desfavorável para chuva até o início de junho na região Sul. Não há atividade relevante da Oscilação de Madden-Julian que possa influenciar o padrão de chuvas no Brasil.

A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL:  ABRIL/2021

Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de abril de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).

FAÇA O DOWNLOAD DO IIS

Saiba mais sobre o Índice Integrado de Seca (IIS)

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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI) com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI) e a Umidade do Solo. Baixos níveis de água no solo tem o potencial para iniciar o processo de estresse hídrico na vegetação, com possíveis danos ao desenvolvimento vegetativo e perda de produtividade. Os dados de Umidade do Solo são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 25 km. 

Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O cálculo do SPI é baseado na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo-se o produto final na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).

 

B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de abril e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)

 

Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)

Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)

O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois sub-índices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.

Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Abril/2021

C. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO

Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à média histórica. Os dados são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 25 km, gerados 4 vezes por mês. Os resultados mostrados aqui representam a média dos resultados divulgados para abril. 

As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de abril de 2021 são mostradas na Figura. Os estados mais afetados com seca excepcional são Pará, Mato Grosso, Tocantins e Goiás. Adicionalmente, partes de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Bahia também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca excepcional. 

 

D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Abril/2021

Avaliação do IIS para o mês de abril em comparação com o mês de março:

  • Seca Fraca: Redução de 856 para 735 municípios.
  • Seca Moderada: Redução de 309 para 175 municípios.
  • Seca Severa: Redução de 134 para 15 municípios.
  • Seca Extrema:  municípios.
  • Seca Excepcional: 0 municípios.

 

E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Abril/2021 

Avaliação do IIS para o mês de abril em comparação com o mês de março:

  • Seca Fraca: Aumento de 114 municípios para 170 municípios.
  • Seca Moderada: Redução de 70 para 52 municípios.
  • Seca Severa: Redução de municípios para 1 município. 
  • Seca Extrema: 0 municípios.  
  • Seca Excepcional: municípios.

 

F. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO CENTRO-OESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Abril/2021 

Avaliação do IIS para o mês de abril em comparação com o mês de março:

  • Seca Fraca: Redução de 242 para 93 municípios.
  • Seca Moderada: Aumento de 145 para 217 municípios.
  • Seca Severa: Aumento de 31 para 91 municípios.
  • Seca Extrema: Aumento de 2 municípios para 22 municípios.  
  • Seca Excepcional: municípios.

 

G. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Abril/2021

Avaliação do IIS para o mês de abril em comparação com o mês de março:

  • Seca Fraca: Redução de 645 para 531 municípios.
  • Seca Moderada: Aumento de 452 para 509 municípios.
  • Seca Severa: Aumento de 296 para 375 municípios.
  • Seca Extrema: Aumento de 68 para 226 municípios.  
  • Seca Excepcional:  municípios.

 

H. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUL
Índice Integrado de Seca (IIS): Abril/2021

Avaliação do IIS para o mês de abril em comparação com o mês de março:

  • Seca Fraca: Redução de 721 para 191 municípios.
  • Seca Moderada: Aumento de 139 para 395 municípios.
  • Seca Severa: Aumento de 0 para 416 municípios.
  • Seca Extrema: Aumento de município para 99 municípios.  
  • Seca Excepcional: município.
I. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS

O IIS-6 para a área da bacia afluente ao reservatório da UHE de Serra da Mesa (Centro-Oeste) apresenta uma situação de seca fraca a severa. Para as bacias das UHEs de Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste) o IIS-6 indica seca variando de moderada a severa. Para a bacia da UHE de Itaipu o IIS-6 indica uma piora da condição de seca em relação ao mês passado, predominando condições de seca moderada a extrema. Nas bacias localizadas na região Sul do país (incluindo as UHE de Segredo, Barra Grande e Passo Real), pode ser observada uma situação de seca variando entre fraca a moderada.   Em abril de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 35% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 51% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), representando uma diminuição de aproximadamente 2% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 40% da média histórica do mês e o reservatório operou, em 30 de abril de 2021, com 70% de seu volume útil (faixa de operação “Normal”), apresentando uma diminuição de 2% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 46% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório ficou estável, com 39% do volume útil. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 63% da média histórica do mês de abril. O reservatório operou no final do mês com 37% de seu volume útil, apresentando um aumento de 4% com relação ao final do mês passado. 

Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 49% da média histórica para o mês de abril, valor menor que o mínimo absoluto já registrado no período 1993-2020. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 38% da média do mês de abril, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 61%, o que representa uma diminuição de 6% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 27% da média histórica, caracterizando uma redução significativa em relação ao mês anterior (64% da média histórica). O nível de armazenamento do reservatório atingiu 55% no final de abril, representando uma queda de 12% em relação ao valor no final de março. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 25% da média histórica, e o armazenamento no reservatório foi 27% do seu volume útil, pequena diminuição quando comparado como mês anterior (30%). 

J. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL

Embora as águas superficiais no Pacífico ainda estejam ligeiramente frias, os indicadores atmosféricos mostram patamares de neutralidade, ou seja, temos uma La Niña bastante enfraquecida. Segundo a previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute, ambos dos EUA, as maiores chances são de que o trimestre Maio-Junho-Julho (MMJ/2021) apresente características normais em termos do fenômeno ENOS (El Niño – Oscilação Sul). A La Niña é um fator modulador da chuva na Região Sul e no sul do Brasil-Central, no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva. O cenário crítico apresentado pelo IIS com condições de seca moderada à severa, nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, muito provavelmente se deve à atuação da La Niña durante a estação chuvosa (últimos 6 meses) nestas regiões.

As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em abril/2021) concordam em prever, durante MMJ/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados da região Sul e no MS e SP. Estes dois últimos estados estão saindo da estação chuvosa e entrando na estação climatológica de estiagem, que se prolonga até outubro. Mas não é o caso nos estados da região sul, onde o trimestre MJJ costuma apresentar bons índices pluviométricos. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam, um cenário desfavorável para chuva até o início de junho na região Sul. Não há atividade relevante da Oscilação de Madden-Julian que possa influenciar o padrão de chuvas no Brasil.

 

REGISTRO DE IMPACTOS: Gostaria de contribuir registrando ocorrência de eventos de secas no seu município?  Sua informação é bem-vinda,  mesmo  ocorrências  de pequenos impactos são de extrema importância. Você pode enviar suas informações pelo link: REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS .

Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br
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