SUMÁRIO (clique aqui)
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O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de setembro, quando comparado ao do mês de agosto, aponta a intensificação das condições de seca no sul-sudoeste de Mato Grosso, sudoeste do Mato Grosso do Sul, norte do Rio de Janeiro e na Bahia; ao contrário, ocorre enfraquecimento das condições de seca na Região Norte, em especial no Acre, Amazonas e Roraima.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 2.529 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de setembro. Os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que tiveram o maior número de municípios com áreas agroprodutivas afetadas acima de 40%. Neste mês, São Paulo se destacou como o estado que teve o maior número de municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão de 53% da média histórica. A UHE Segredo, que no início da estação chuvosa de 2020 registrou valores de vazão inferiores aos mínimos absolutos, apresentou uma melhora significativa em dezembro, contudo, a partir de março de 2021 vem registrando valores abaixo da média histórica, e no mês de setembro a vazão foi cerca de 44%. Destaca-se também a UHE Passo Real, ainda na Região Sul, com vazão de 84%, da média histórica do mês. Na Região Centro-Oeste, as vazões naturais da UHE Serra da Mesa foram 50% da média, e o nível de armazenamento do reservatório foi 24% no final de setembro. Na Região Sudeste, destaque para a UHE Furnas que registrou no mês de setembro cerca de 40% da vazão média e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 14% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE Três Marias apresenta uma situação menos crítica em termos de volume armazenado no reservatório, com 39% do volume útil. No entanto, a vazão natural ficou em torno de 35% da média do mês de setembro. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 33% da média, e o armazenamento em torno de 30% do volume útil, situação pior que no mesmo período pré-crise (40,3% no final de setembro de 2013).
As águas superficiais no Oceano Pacífico central resfriaram-se ainda mais durante o mês de setembro/2021. Segundo o Bureau of Meteorology (Austrália), o Climate Prediction Center e o International Research Institute as chances para o início de uma La Niña em outubro-novembro de 2021 são superiores a 70%. Este evento deverá perdurar durante o verão do Hemisfério Sul. Dado o cenário crítico de seca no Brasil vale ter em mente que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em setembro/2021) concordam em prever, durante OND/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados das regiões Centro-Oeste e Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF) é também consistente ao indicar um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul durante OND/2021. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre a região denominada Continente Marítimo, no Pacífico Oeste. O cenário é de um possível deslocamento para o Oceano Atlântico no final de outubro, começo de novembro, podendo vir a afetar positivamente o padrão de chuvas na Região Norte do Brasil. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam uma tendência para as chuvas se concentrarem no norte de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e sul da Bahia até a primeira quinzena de novembro.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: SETEMBRO/2021
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de setembro de 2021 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
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O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: setembro em relação a agosto
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de setembro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
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O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (Vegetation Condition Index) e o TCI (Temperature Condition Index). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Setembro/2021
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para a área da bacia afluente ao reservatório da UHE Serra da Mesa (Centro-Oeste) apresenta uma situação de normalidade à seca moderada (figura abaixo). Para as bacias das UHEs Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica seca variando de seca fraca à severa. Para a bacia da UHE Itaipu, o IIS-6 indica uma piora da condição de seca em relação ao mês anterior, predominando condições de seca fraca à extrema. Nas bacias localizadas na Região Sul do país (incluindo as UHE Segredo, Barra Grande e Passo Real), pode ser observada seca fraca à moderada, indicando uma melhora na condição de seca em relação ao mês anterior.
Em setembro de 2021, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 33% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 30% do volume útil (limite entre as faixas de operação “Alerta” e “Restrição”), representando uma diminuição de aproximadamente 7% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural foi 35% da média do mês e o reservatório operou, em 30 de setembro de 2021, com 39% de seu volume útil (faixa de operação “Atenção”), apresentando uma diminuição de 9% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas representou 40% da média do mês, e o armazenamento no reservatório, em 30 de setembro, foi 14% do volume útil, representando uma redução de 3% em relação ao final do mês anterior. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 50% da média do mês de setembro. O reservatório operou com 24% de seu volume útil, representando uma redução de 4% em relação ao final do mês passado.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 53% da média histórica para o mês de setembro. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 44% da média do mês de setembro, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 8%, o que representa um aumento de 1% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 110% da média. O nível de armazenamento do reservatório atingiu 44% no final de setembro, representando um aumento de 20% em relação ao valor no final de agosto. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 84% da média, e o armazenamento no reservatório foi 46% do seu volume útil, representando um aumento de 2% em relação ao nível do mês anterior.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
As águas superficiais no Oceano Pacífico central resfriaram-se ainda mais durante o mês de setembro/2021. O Bureau of Meteorology (Austrália) elevou o nível de alerta, passando de um estado de atenção para um estado de alerta, o que implica um aumento nas chances para a ocorrência de La Niña de 50% para 70%; quase o triplo de uma chance normal. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica chances superiores a 80% para o início de uma La Niña em outubro-novembro de 2021 que deverá perdurar durante o verão do Hemisfério Sul. Dado o cenário crítico de seca no Brasil (IIS – Figura 1) esta é uma informação importante. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em setembro/2021) concordam em prever, durante OND/2021, condições desfavoráveis para chuva nos estados das regiões Centro-Oeste e Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de setembro/2021, é também consistente ao indicar um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre a região denominada Continente Marítimo, no Pacífico Oeste. O cenário é de um possível deslocamento para o Oceano Atlântico no final de outubro, começo de novembro, podendo vir a afetar positivamente o padrão de chuvas na Região Norte do Brasil. As previsões subsazonais (até 4a semana) indicam uma tendência para as chuvas se concentrarem no norte de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e sul da Bahia até a primeira quinzena de novembro.