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Percepção de riscos das mudanças climáticas e os limites da adaptação são debatidos no Cemaden

O climatologista e coordenador do INCT para Mudanças Climáticas, Carlos Nobre, apresentou o panorama dos riscos das mudanças climáticas para o Brasil, a convite do Cemaden, dentro da programação da Série de Debates “Ciência, Riscos e Desastres”. Enfatizou a importância da percepção de riscos e  concluiu que estamos numa corrida contra o tempo para as ações de mitigação e minimização dos riscos e impactos, resultantes do aquecimento global.

Discutir sobre as ferramentas da avaliação da análise de riscos das mudanças climáticas no Brasil, seus impactos e limites da adaptação – bem como a análise da percepção e consciência desses riscos pela sociedade – foram os tópicos destacados na palestra do coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, climatologista Carlos Nobre, realizada no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, nesta semana (23), dentro da programação da Série Debates “Ciência, Riscos e Desastres”.

Apresentando as avaliações do risco sistêmico do aquecimento no mundo e no Brasil, Nobre abordou sobre as probabilidades e projeções do aumento da temperatura provocado pelo aumento da concentração dos gases de efeito estufa. “As pesquisas científicas apontam a relação do aumento da temperatura com o crescimento da emissão desses gases”, enfatizando a necessidade de urgentes ações para mitigação desses impactos e minimização de riscos decorrentes das mudanças climáticas.

“Sem ações de mitigação via redução das emissões, a temperatura média global da superfície poderá aumentar entre 3,7ºC e 4,8°C até o fim do século”, alerta Nobre. “O potencial da adaptação aos impactos das mudanças climáticas fica reduzido, à medida que o aquecimento ultrapassa certos limiares, aumentando, assim, os riscos e impactos”, enfatiza o climatologista.

Percepção de riscos e os limites da adaptação

Com base na análise das projeções de riscos e impactos, Carlos Nobre explicou que – para promover a redução da vulnerabilidade à mudança do clima adotando estratégias para a gestão de risco – as ações para a adaptação têm um prazo, dado o agravamento do cenário.

“Com a diminuição das possibilidades de adaptação – ou seja, o enfrentamento para diminuição dos impactos do aquecimento global – é iniciada a aceleração do aumento desses impactos, de maneira irreversível. Existem limites absolutos à capacidade humana de adaptação”.

Nobre falou sobre a importância das percepções de risco, e que essa percepção varia globalmente, entre setores da sociedades, sua localização geográfica e ao longo do tempo.

Modelo exemplar de ações para diminuição dos riscos

Com relação à percepção dos riscos das mudanças climáticas, o cientista Carlos Nobre afirma que deveria seguir o exemplo do modelo da Organização Mundial de Saúde. Em 2015, mesmo sem certeza e com poucos dados científicos, trabalharam para a prevenção e mitigação da doença, no caso da Zika, em nível mundial. Dessa forma, minimizaram os riscos e impactos da doença através de alerta internacional de emergência no nível máximo, atenuando o risco.

“Os riscos das mudanças climáticas apontados nos estudos científicos, colocam em 99% de certeza dos gases estarem afetando a temperatura global. Mas, temos falhado em ações concretas para diminuir as emissões.”, afirma.

Probabilidades da temperatura no Brasil

Estima-se que a temperatura média no Brasil pode subir entre 1,3 a 3,8°C, mesmo para cenários de médias emissões. Entre as regiões brasileiras, o maior aumento da temperatura está prevista para a Amazônia, com variações que podem chegar a 8° C, no caso de cenários de máximas emissões.  Carlos Nobre enfatiza a importância de se avaliar o risco sistêmico de aquecimento de muitos graus centígrados no Brasil. “Isso serve como estratégia para desenvolver uma abordagem baseada em avaliação de riscos para comunicar os riscos das mudanças climáticas à política pública.” E o que fazer para minimizar os riscos?  O climatologista cita as recomendações da Conferência das Partes (COP-21), elaboradas na Conferência Mundial  das Nações Unidas sobre Mudança Climática. 

Carlos Nobre tem uma longa relação histórica com o Cemaden, tendo sido seu criador em 2011, enquanto exercia a função de Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, do MCTIC. A palestra da Série de Debates – “Os riscos das mudanças climáticas para o Brasil” -Carlos A. Nobre – Coordenador Geral do INCT para Mudanças Climáticas) está disponibilizada no Canal do youtube “Série de Debates do Cemaden”: https://www.youtube.com/channel/UCli7dG6pJ6wPkJs53x3FK-w.  

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