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Pesquisa do Cemaden aponta que ação humana nas encostas é a maior causa dos deslizamentos

O trabalho dos pesquisadores do Cemaden foi publicado em revista científica internacional, analisando os fatores que provocaram o deslizamento ocorrido no ano de 2000, em Campos do Jordão, região serrana no estado de São Paulo, com registro de vítimas fatais e impactos na infraestrutura da cidade.

 

 As alterações do meio ambiente provocadas pela ação humana, nos terrenos urbanos com declives e encostas, foram as causas mais importantes que provocaram os deslizamentos no município de Campos do Jordão, em 2000. Esse foi o resultado do trabalho científico realizado pelos pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, publicado, em janeiro deste ano, na revista científica internacional  Natural Hazards  and Earth System Sciences.

Intitulada “Compreendendo os deslizamentos superficiais no município de Campos do Jordão – Brasil: interpretando os efeitos antrópicos de causas naturais no desastre de 2000”  (“Understanding shallow landslides in Campos do Jordão municipality – Brazil: disentangling the anthropic effects from natural causes in the disaster of 2000”),  a pesquisa demonstrou que a ação isolada dos fatores naturais – ou seja, as chuvas de alta intensidade, as condições geológicas-geotécnicas e geomorfológicas dos terrenos – não foram suficientes para desencadear deslizamentos de terra na área de estudo. Os resultados da pesquisa apontam que a ação humana (influência antrópica) desempenhou um papel preponderante na deflagração dos eventos de deslizamento naquele ano, no município paulista serrano.

O artigo científico está disponibilizado pelo link : https://www.nat-hazards-earth-syst-sci.net/18/15/2018/ e também no Portal do Cemaden http://www2.cemaden.gov.br/publicacoes-cemaden/ .

O objetivo do estudo foi o de avaliar a contribuição relativa dos fatores naturais e humanos para desencadear os deslizamentos de terra do evento de 2000. Foi realizado um levantamento geotécnico detalhado em três perfis de solo representativos da área, obtendo os parâmetros geotécnicos necessários para a análise de fluxo e estabilidade das encostas. Em seguida, foram feitas análises com modelagem numérica, utilizando-se o software Geo-Slope (o qual permite analisar a quantidade de água que infiltra nos terrenos e a estabilidade das encostas devido à essa infiltração), incluindo a ação conjunta ou separada dos fatores naturais e antrópicos.

“Os resultados da pesquisa apontam que as interferências humanas nas encostas urbanas são típicas das áreas de risco no Brasil. Concluímos a urgente necessidade de implementação de políticas públicas para restringir a ocupação de áreas de risco de deslizamentos de terra”, afirma o pesquisador do Cemaden, Rodolfo Mendes, coordenador da pesquisa.

O deslizamento ocorrido em Campos do Jordão, no ano de 2000, provocou a morte de dez pessoas e impactos socioeconômicos e de infraestrutura no município.

Outro estudo analisa o deslizamento ocorrido em São José dos Campos

No ano passado, a equipe de Geodinâmica do Cemaden (formada por pesquisadores e tecnologistas da Sala de Situação) publicou pesquisa sobre o deslizamento em São José dos Campos (SP), ocorrido em 2016. Neste estudo, também, foram avaliadas as interferências humanas nos terrenos como causa principal dos deslizamentos induzidos em encostas urbanas, conforme divulgação disponibilizada no endereço: http://www2.cemaden.gov.br/pesquisas-do-cemaden-apontam-fatores-deflagradores-de-deslizamentos-e-o-monitoramento-mais-eficaz/

“As chuvas associadas aos cortes verticais excessivos nas encostas, vazamentos pontuais em tubulações ou caixas d’água, infiltração de água servida (esgotos domésticos, fossas negras, etc.) – além da sobrecarga no topo da encosta cortada pela ação humana – são os fatores indutores mais comuns encontrados nas áreas de risco de deslizamentos no Brasil”, afirma Mendes.

 Para o monitoramento das áreas de risco de deslizamentos, o pesquisador explica que os estudos apontam que o sistema de alerta antecipado exige um modelo matemático com dados do monitoramento da chuva associados à umidade do solo, integrado às informações sobre a situação da área alterada pela ação humana. “Todos esses fatores e informações possibilitarão fornecer os indicativos dos momentos críticos para o início dos deslizamentos, aprimorando a emissão do alerta.”, enfatiza o pesquisador do Cemaden.

 (Fonte: Ascom-Cemaden)

 

 

 

 

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