Os estudos voltados aos eventos extremos, como inundações e secas, fazem parte do projeto do Climate Science for Service Partnership (CSSP Brasil), programa de pesquisa em parceria com cientistas do Serviço Meteorológico do Reino Unido (UK Met Office). O programa realiza intercâmbio de informações científicas sobre a compreensão das mudanças climáticas, projeções e impactos futuros de eventos extremos, além de implementar metodologias e modelagem para redução do risco de desastres.
As análises dos efeitos provocados pelas mudanças climáticas e as projeções de riscos de inundações e de seca no Brasil foram os focos das reuniões realizadas, em janeiro, no Reino Unido, entre os pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – e do Serviço Meteorológico do Reino Unido (UK Met Office).
As reuniões entre os cientistas do UK Met Office e do Cemaden resultaram na identificação de oportunidades de colaboração contínua nos estudos sobre atribuição de eventos operacionais e no aperfeiçoamento do modelo de representação da inundação de zonas úmidas na superfície terrestre. Foram, também, discutidas as projeções de risco de inundação no Brasil, além do potencial reconhecimento de causas resultantes da intervenção humana em eventos extremos.
“A participação do Cemaden no programa CSSP-Brasil oferece a oportunidade de capacitação no uso dos modelos climáticos desenvolvidos pelo UK Met Office.”, informa o hidrólogo Conrado Rudorff. “Isso contribuirá para as análises dos efeitos das mudanças climáticas sobre a infraestrutura de segurança hídrica nacional e os riscos de desastres naturais.”, complementa o pesquisador do Cemaden.
“Estamos estabelecendo um plano de pesquisa para avaliar as causas da seca dos últimos seis anos na Região Nordeste do Brasil, em parceria com o UK Met Office.”, informa o pesquisador e meteorologista do Cemaden, Christopher Cunningham, ressaltando que a ideia é levantar o potencial reconhecimento de causas antrópicas em eventos extremos, como por exemplo, ondas de calor e períodos de chuvas intensas. “O Cemaden terá oportunidade de avaliar – em parceria com diversas instituições europeias, integrantes do projeto Helix – os impactos potenciais através de simulações climáticas globais de alta resolução”, afirma o pesquisador.
Intercâmbio e workshop científico
A agenda da visita dos pesquisadores do Cemaden ao Reino Unido (UK), entre os dias 8 a 26 de janeiro de 2018, incluiu o Workshop de Atribuição de Eventos Operacionais no Oxford e-Research Center e a reunião com a pesquisadora Nic Gegeney, do UK Met Office, em Wallingford. Juntamente a outros membros da equipe CSSP-Brasil, se reuniram, também, com o pesquisador Andy Whitshire, especializado nos estudos sobre carbono terrestre, do UK Met Office, em Exeter.
Durante o workshop, um artigo intitulado “Contribuição das mudanças climáticas para a inundação do rio Uruguai em junho de 2017” foi escrito em colaboração com os cientistas ingleses e preparado para submissão à edição especial da revista BAMS sobre “Explaining Extremes of 2017“.
“A aplicação da metodologia exercitada durante o workshop permitiu chegar à conclusão de que as mudanças climáticas antropogênicas aumentaram o risco de precipitação extrema na bacia do rio Uruguai, em aproximadamente três vezes.”, afirma Conrado Rudorff, pesquisador do Cemaden. “Os trabalhos de pesquisa no tema contribuirão para tomadas de decisão sobre a política de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no Brasil.”, complementa o pesquisador.
O aumento na frequência de eventos climáticos extremos tem resultado em impactos socioeconômicos no Brasil nas últimas décadas. Os pesquisadores do Cemaden explicam que existe uma crescente preocupação com a necessidade de identificar as causas do aumento desses eventos para estabelecer esforços efetivos de mitigação.
“Desenvolver – em parceria com os cientistas internacionais – ferramentas eficientes para quantificação e a projeção de risco de desastres socioambientais, torna-se de suma importância, perante as mudanças climáticas globais.”, enfatiza o pesquisador do Cemaden, Christopher Cunningham.
(Fonte: Assessoria de Comunicação do Cemaden)