Para realizar o diagnóstico e prognóstico da degradação florestal na Amazônia brasileira, um projeto de pesquisa, com duração de dois anos, contará com a coordenação de pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – integrando a equipe de pesquisadores de quatro instituições inseridas no Climate Science for Service Partnership (CSSP- Brasil), projeto de pesquisa de parceria entre o Reino Unido e o Brasil.
O projeto de pesquisa foi aprovado, no final de janeiro de 2021, e contará com o apoio de recursos financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), com vigência a partir deste mês (fevereiro) até janeiro de 2023.
Os estudos serão coordenados pela pesquisadora do Cemaden, Liana Oighenstein Anderson e terá a participação do pesquisador João dos Reis, também do Cemaden. Participarão do projeto pesquisadores das instituições que integram o CSSP-Brasil, além do Cemaden: o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Met Office-UK, instituto meteorológico do Reino Unido.
Os estudos prevêem a análise de dados para identificação e avaliação sobre a degradação florestal, provocada pela exploração madeireira e por incêndios florestais. O objetivo é gerar cenários que permitam o controle preventivo de queimadas, subsidiando, assim, a gestão dos recursos naturais e das áreas de conservação.
Secas extremas e ocorrência de incêndios florestais
A mudanças climáticas, em parte já observadas em algumas regiões da Amazônia, causam o prolongamento da estação seca e o aumento da frequência de secas extremas, afetando, diretamente, a ocorrência de incêndios florestais.
“A degradação florestal resulta principalmente do descontrole de queimadas que se tornam incêndios.”, afirma a pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson, explicando que esses eventos são intensificados, quando combinados com a exploração madeireira e as mudanças climáticas. “Isso afeta a conservação da floresta amazônica e seus serviços ecossistêmicos.”, destaca a pesquisadora. Estudos anteriores apontam que a exploração madeireira -tanto de manejos autorizados como por atividades ilegais – aumenta a vulnerabilidade da floresta à entrada de propagação de incêndios florestais, pelo aumento do material combustível e danos colaterais de derrubada. “Isso permite maior entrada de radiação e da intensidade do vento, alterando o microclima local, tornando-o mais quente e seco.”, afirma a pesquisadora.
Para o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, a participação no Projeto CSSP-Brasil tem uma importante relevância para compreender os riscos e as causas dos extremos e impactos relacionados com o clima, um dos objetivos do projeto. “Levantar dados e projeções relacionados ao clima permite dar subsídios aos tomadores de decisão sobre mitigação, estratégia de adaptação e de prevenção dos riscos de escalas sazonais e locais.”, destaca o diretor.
(Fonte: Ascom/Cemaden)