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Pesquisadores do Cemaden participam de estudos sobre a Covid-19

Estudos sobre rede de mobilidade das cidades e vulnerabilidades sociais são utilizadas pelos  pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – para apoio em pesquisas multidisciplinares no enfrentamento da Covid-19.

Um desses estudos está sendo desenvolvido pelo pesquisador do Cemaden, Leonardo Bacelar Santos, na linha de pesquisa que envolve as áreas de Física, Matemática Aplicada e Computacional, para mensurar os impactos potenciais causados pela adoção de estratégias na restrição de mobilidade pelas cidades para a contenção da doença.

Os estudos apontam a importância para que as ações de restrição de mobilidade, feitas pelos municípios, considerem também as conexões das redes de mobilidade com outros municípios e estados. O isolamento coordenado nas cidades específicas é fundamental para separar áreas inteiras da rede de conexão na mobilidade e fluxo de pessoas, de forma a impedir que prevaleça um processo de disseminação da pandemia.

Na análise, a pesquisa mostra ferramentas para apoio à decisão em vários cenários, como a contenção da disseminação epidemiológica em andamento,  a detecção de áreas vulneráveis a desastres ou cidades, cuja importância na mobilidade é vital para o trânsito de pessoas e suprimentos.

A movimentação das pessoas no espaço urbano re-desenha cenários de risco de forma dinâmica no tempo e espaço.”, informa o pesquisador do Cemaden, Leonardo Santos.  O pesquisador explica que dentro de uma cidade, quando ocorre, por exemplo, um alagamento, pode-se estimar seu impacto potencial, considerando ferramentas matemáticas conhecidas como grafos, que são conjuntos de elementos e suas conexões.  “Neste novo trabalho, investigamos como os grafos de mobilidade (fluxo de pessoas) entre cidades podem apoiar decisões no contexto da epidemia em curso da Covid-19″, ressalta o pesquisador do Cemaden.

Alguns estudos sobre mobilidade urbana do pesquisador do Cemaden, Leonardo Santos, também colaboraram para a elaboração da recente divulgada  Nota Técnica,  elaborada pela equipe do Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais – LiSS (INPE), apresentando desafios para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Vale do Paraíba e Litoral Norte, no Estado de São Paulo.

Os novos estudos com a participação do pesquisador do Cemaden – denominados Robustness analysis in an inter-cities mobility network: modeling municipal, state and federal initiatives as failures and attacks” (Análise de robustez em uma rede de mobilidade entre cidades: modelando iniciativas municipais, estaduais e federais como falhas e ataques)  – estão com a versão  “preprint” (modalidade para rápida divulgação da pesquisa)  disponível publicamente no endereço:

https://arxiv.org/pdf/2004.02648.pdf

Outras linhas de pesquisa do Cemaden sobre vulnerabilidades sociais e doenças

Dentro da ampla tipificação dos desastres, as pandemias são caracterizadas como desastres de origem biológica. A experiência teórica e prática em Redução de Riscos e Desastres pelos pesquisadores do Cemaden podem ser integradas pelas equipes multidisciplinares de cientistas para atacar diversos problemas em diferentes áreas.

“As epidemias e pandemias não são o principal tema do Cemaden, visto que há outras instituições que fazem um excelente trabalho neste sentido, mas nós podemos contribuir com nossa visão multidisciplinar da gestão de riscos e desastres”, diz a pesquisadora do Cemaden, Luciana Londe.

A pesquisadora explica que,  recuperando os principais conceitos de desastres, a pandemia  ocorre pela combinação de ameaça, vulnerabilidade, exposição e capacidade de resposta.  A ameaça  é o “novo coronavírus”; as condições de vulnerabilidade podem ser exemplificadas pela a situação de pessoas idosas e/ou com comorbidades (hipertensão, diabetes, obesidade, problemas respiratórios).  Os diferentes níveis de exposição são as variações entre a possibilidade de um grupo de pessoas permanecerem isoladas em casa e a impossibilidade deste isolamento  (como no caso de moradores de rua, presidiários, trabalhadores de serviços essenciais, pessoas que precisam usar transporte público). A insuficiente capacidade de respostas  pode representar as condições de equipamentos diversos e recursos humanos para atendimento em estabelecimentos de saúde.

“Nas epidemias e nos desastres, de maneira geral, enxergamos como é importante a atuação em conjunto, envolvendo pessoas, instituições, governantes e todos os setores da sociedade.”, afirma a pesquisadora Londe e complementa: “ Na pandemia, as pessoas sem condições de se proteger fazem o vírus circular por todas as camadas da sociedade.”

Para Victor Marchezini, sociólogo e também pesquisador no Cemaden, as políticas públicas de mitigação de riscos e impactos são fundamentais para diminuir os efeitos em cadeia desse desastre biológico associado à pandemia do “novo coronavírus”.

“Temos políticas públicas de mitigação que são estruturais – como a construção de hospitais equipados com respiradores, acesso ao saneamento básico – mas também,  as ações não-estruturais, como políticas assistenciais e sistemas de alerta.”, afirma Marchezini.

O pesquisador explica que, no caso dos sistemas de alerta, precisam ser aprimorados seus quatro eixos fundamentais: conhecimento do risco (ameaças, vulnerabilidades e capacidades), monitoramento, comunicação e capacidade de resposta. “ Isso poderia vir acompanhado de níveis de alerta (moderado, alto, muito alto) que implicam diferentes ações e práticas de acordo com o nível alertado”, aponta Marchezini.  Considera que a temática sobre a pandemia é importante tanto para estimar impactos agregados de ameaças múltiplas (inundações,  deslizamentos, secas, incêndios urbanos e florestais, tornados, vendavais, ondas de frio e de calor, rompimentos de barragens, vazamentos de produtos químicos e epidemias diversas) quanto para propor estratégias de mitigação desses impactos, que tem a mobilidade como uma variável muito importante.

Fonte: Ascom/Cemaden

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