No próximo dia 1º de julho, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – completa 10 anos de criação, com a missão principal de desenvolver e disseminar conhecimentos cientifico-tecnológicos e realizar o monitoramento e a emissão de alertas de desastres geo-hidrológicos. A partir dessa data, estão programados eventos como inaugurações, encontros virtuais e seminários, marcando a criação e os avanços das atividades desenvolvidas pelo Cemaden.
No dia 1º de julho será inaugurada a nova Sala de Situação e o Auditório do Cemaden/MCTI, na área ampliada da sede da instituição, no Parque Tecnológico de São José dos Campos, a qual foi estabelecida em setembro de 2019. Também, nesse dia, será inaugurado o Radar RMT 200, desenvolvido pela empresa IACIT Soluções Tecnológicas S.A, em parceria com o Cemaden. O Radar está instalado na área doada pela Prefeitura de São José dos Campos para a futura sede definitiva do Cemaden, onde ocorrerá o lançamento da Pedra Fundamental.
Ainda na Programação dos 10 Anos Cemaden/MCTI, a partir do dia 31 de agosto haverá uma série de quatro lives no “Encontros da Ciência e Comunicação”, que se estenderá no mês de setembro. Nesse mesmo período, também serão realizados Seminários Internos de Avaliação dos Alertas e a preparação para a realização do “II Seminário Nacional de Avaliação de Alertas do Cemaden”.
Tecnologia do Radar desenvolvida pela Empresa IACIT
Com área de cobertura de 400 quilômetros de raio, o Radar Meteorológico RMT 0200, da IACIT, que será inaugurado no próximo dia 1º de julho, proverá ao Cemaden informações precisas sobre eventos meteorológicos severos, as quais são relevantes para subsidiar o monitoramento das regiões do Vale do Paraíba, Litoral Norte, regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas e algumas cidades do sul fluminense e mineiro.
“Só com um radar consegue-se prever aquelas tempestades de verão que são intensas e localizadas. As imagens de satélite e os modelos meteorológicos podem indicar condições para este tipo de tempestade, mas não quando e onde ela vai ocorrer. Um radar como o da IACIT mostrará o sistema em formação, e nos permitirá acompanhar o crescimento e o comportamento dessa massa em tempo real”, afirma o diretor do Cemaden, Osvaldo Luiz Leal de Moraes.
O RMT 0200 é um radar meteorológico Banda S de dupla polarização em estado sólido. Ele consegue fornecer, por exemplo, dados sobre a formação das chamadas Cumulonimbus (CB), aquelas nuvens densas que crescem rapidamente e provocam tempestades volumosas. O radar monitora o tamanho das gotas de água e dos cristais de granizo existentes nessas nuvens. Com essas informações, é possível prever o volume, a localização e o momento em que ocorrerá a precipitação.
Os dados gerados pelo RMT 0200, agregados a informações providas por pluviômetros, estações hidrológicas e sensores geotécnicos, além de outros instrumentos instalados em áreas de risco, permitem que o Cemaden aumente sua capacidade de prevenção de desastres e emita alertas antecipados para subsidiar municípios atingidos, os quais são encaminhados para a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MDR).
A partir de julho, o radar da empresa IACIT Soluções Tecnológicas S.A. passará a integrar uma rede que hoje conta com 37 radares meteorológicos distribuídos em todo o Brasil, os quais pertencem a diferentes instituições públicas e privadas. Todos são integrados no Cemaden, colaborando com a prevenção de desastres.
O número de radares é insuficiente para a cobertura adequada dos 959 municípios monitorados pela instituição em todo o Brasil, conforme ressalta o diretor do Cemaden. Do total hoje integrado no Centro, nove pertencem ao Cemaden e estão instalados em Natal (RN), Petrolina (PE), Salvador (BA), Jaraguari (MS), São Francisco (MG), Maceió (AL), Santa Teresa (ES), Três Marias (MG), e Almenara (MG).
Criação do Cemaden/MCTI, em 2011, após o megadesastre ocorrido na Região Serrana do RJ
No contexto de aumento contínuo de desastres de origem geo-hidrometeorológico, no Brasil e no mundo, em janeiro de 2011 ocorreu o pior desastre já registrado no País, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Esse megadesastre culminou na morte de mais de 900 pessoas, 300 desaparecidos e dezenas de milhares de desalojados e desabrigados. Além das perdas humanas, houve consequentes perdas materiais e econômicas, com prejuízos bilionários.
Em razão deste megadesastre, o governo federal criou, em 2011, uma política nacional para a gestão de riscos e respostas a desastres. No âmbito da nova cultura preventiva e proativa, coube ao então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação a responsabilidade pelo eixo monitoramento e alerta. Assim, em 1º de julho de 2011, por meio do Decreto MCTI nº 7.513, foi criado o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com a missão principal de desenvolver e disseminar conhecimentos científico-tecnológicos e realizar o monitoramento e a emissão de alertas para subsidiar a gestão de riscos e impactos de desastres naturais.
Iniciando as atividades em 2 de dezembro de 2011, em Cachoeira Paulista (SP) – em instalações cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCTI) – o Cemaden passou a monitorar, de forma ininterrupta, 24 horas por dia, sete dias por semana, um primeiro conjunto de municípios para os quais de dispunha das áreas de riscos mapeadas, estes singularizados pelo histórico de desastres com mortes. As equipes de especialistas em diferentes áreas de conhecimento foram contratadas de forma temporária em 2011.
Linha do Tempo: Cemaden/MCTI
Em 2011, o País não contava, ainda, com uma rede específica de sensores para o monitoramento de áreas vulneráveis a desastres. Assim, o MCTI e o Cemaden – além de um significativo número de parceiros – definiram, adquiriram e viabilizaram a implementação, em tempo recorde de três anos, de uma rede nacional composta por mais de cinco mil sensores, incluindo diversos equipamentos, como radares meteorológicos, pluviômetros telemétricos, estações hidrológicas, sensores geotécnicos, estações agrometeorológicas e plataformas para monitoramento de chuvas e água no solo. O esforço incluiu ainda o estabelecimento de vários acordos de parcerias com instituições federais, estaduais e municipais, o que permitiu também criar uma base de dados única.
Desde 2012, quando uma longa seca iniciou na região semiárida do Brasil, o Cemaden passou a apoiar diretamente o governo federal, contribuindo com informações técnicas sobre os diferentes impactos da escassez hídrica em diversos setores, com a finalidade de subsidiar ações para mitigar seus impactos e otimizar os recursos destinados à ajuda para os estados e municípios afetados.
A partir de 2014, quando teve início uma das piores crises hídricas no Brasil, o Cemaden passou a monitorar e prover previsões de riscos hidrometeorológicos para as principais bacias hidrográficas, além de projeções, de longo prazo, das vazões e dos níveis dos reservatórios. As informações são relevantes para subsidiar tomadas de decisão quanto aos usos dos recursos hídricos para abastecimento humano e para a geração de energia hidrelétrica, entre outros usos.
Ainda em 2014, após a realização de três concursos públicos, o Cemaden passou a contar com um corpo permanente de profissionais de diferentes áreas do conhecimento e qualificação acadêmica.
Em 2015, as atividades passaram a ser desenvolvidas em uma área maior, em sede instalada no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
Cemaden: unidade de pesquisa do MCTI em 2016
Em 18 de outubro de 2016, o Cemaden passou a ser unidade de pesquisa do MCTI, por meio do Decreto nº 8.877, o que demandou a elaboração de um novo planejamento estratégico.
Como unidade de pesquisa do MCTI, o Cemaden ampliou o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias, inclusive incluindo uma política de interação com a sociedade, considerando estratégias de educação, comunicação e mobilização para gestão de riscos e redução de vulnerabilidade a desastres.
Em setembro de 2019, foram ampliadas as instalações do Cemaden no Parque Tecnológico de São José dos Campos, passando a ocupar uma área de 3.500 m². Nesse mesmo ano, o Cemaden recebeu a doação de uma área de 60 mil m² para a construção do complexo definitivo da futura sede. Nessa área, está instalado o Radar Meteorológico de última geração, desenvolvido pela empresa IACIT, resultado de mais uma parceria do Cemaden com a iniciativa privada.
Ainda em 2019, outro marco significativo foi a criação do Programa Stricto Sensu de Pós-Graduação em Desastres Naturais, em parceria do Cemaden com o Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP)– Campus de São José dos Campos.
Ao longo dos últimos 10 anos, o Cemaden vem contribuindo para o fortalecimento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil. Prova disso é que, em janeiro de 2020, um desastre de magnitude similar ao da Região Serrana do Rio de Janeiro ocorrido no estado de Minas Gerais, culminou em perdas de vidas 20 vezes menor.
Atualmente, o Cemaden monitora 959 municípios brasileiros cujas áreas de risco de desastres geo-hidrológicos foram mapeadas, majoritariamente, pelo Serviço Geológico Brasileiro (CPRM/MME). São cerca de 50 mil áreas suscetíveis a deslizamentos, inundações e enxurradas, em todo o Brasil, abrangendo uma população de mais de 10 milhões de pessoas, a maioria em situação de vulnerabilidade social.
Fonte: Ascom/Cemaden com informações do Radar providos pela IACIT- Soluções Tecnológicas S.A