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RedeGeo e informações sobre umidade de solo das encostas para prevenção de deslizamentos são apresentadas pelo Cemaden

Aumentar a precisão na emissão de alertas de risco de deslizamentos e antecipar as ações de prevenção dos impactos socioambientais pelas Defesas Civis foram os pontos destacados na apresentação do Projeto RedeGeo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – na reunião promovida pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo,  no último dia 19, na sede do governo estadual de São Paulo. O evento reuniu cerca de 50 participantes entre coordenadores regionais das Defesas Civis do Estado de São Paulo e de instituições de pesquisa, com o objetivo de tratar sobre a Operação Chuvas de Verão 2019-2020 e Plano Preventivo da Defesa Civil.

A apresentação do Projeto RedeGeo e dos dados disponibilizados do monitoramento de áreas de risco de deslizamentos dos municípios paulistas da Baixada Santista – onde foram instalados equipamentos com sensores de umidade –  foi feita pelo pesquisador do Cemaden, Rodolfo Mendes, que mostrou a importância das Estações Geotécnicas (Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicos – PCDs Geo), instaladas nos municípios litorâneos paulistas da Baixada Santista.

Em meados deste ano, a equipe do Projeto RedeGeo, coordenada pelo pesquisador  do Cemaden, geólogo Márcio Andrade,  instalou  15 PCDs Geo em municípios do litoral paulista da Baixada Santista, que integram  :  Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande.

Para a instalação das PCDs Geo, contou-se com o apoio e parceria de especialistas e equipes das Defesas Civis municipais, identificando os locais de áreas de risco com maior ocorrência de deslizamentos.  A inovação é a utilização de pluviômetros associados a sensores de umidade do solo no mesmo equipamento. A PCD Geo identifica a variação da quantidade de água no solo em até três metros de profundidade.

“O monitoramento da umidade das camadas de solo junto aos dados de chuvas permite para a emissão de alertas antecipados de deslizamentos.”, informou o pesquisador do Cemaden, Rodolfo Mendes.

O pesquisador ressaltou aos coordenadores das Regionais de Defesas Civis que não só os condicionantes naturais (como a intensidade das chuvas e aumento da umidade de solo) deflagram os deslizamentos em encostas urbanas. Ele lembra que as intervenções humanas nos terrenos das encostas, como cortes, vazamentos de água, entre outros, aumenta o risco de deslizamentos. Essas intervenções antrópicas são variáveis dos fatores condicionantes que induzem a aumentar os riscos de deslizamentos.

Disponibilidade dos dados das Estações Geotécnicas no Mapa Interativo do Cemaden e aprimoramento do modelo regional

 As informações e dados sobre chuvas e umidade de solo, enviadas ao Cemaden pelas PCDs Geo, já estão disponibilizadas ao público pelo Mapa Interativo no Portal do Cemaden (http://www2.cemaden.gov.br/mapainterativo/)

Deve-se selecionar a opção Estação Geotécnica e preencher o município e estado.  Aparecem as Estações Geotécnicas no município e clicando em cada uma, apresenta-se o gráfico indicativo das variações de umidade volumétrica em percentual e a pluviometria em milímetros. Cada linha colorida indica a profundidade do sensor e há a opção de obter os dados do acúmulo de água e chuva  desde 1 hora até 96 horas.

“Monitorar quantidade de água acumulada no solo permite melhorar a confiabilidade na operação de monitoramento e do acompanhamento do nível do alerta.”, afirma o pesquisador do Cemaden, Rodolfo Mendes. Ele explicou aos coordenadores das Regionais de Defesa Civil do estado de São Paulo que, se o gráfico registrar o aumento de umidade até 2 metros de profundidade do solo, já é um indício de maior probabilidade de deflagração de deslizamentos, podendo emitir o alerta de risco de deslizamento.

O pesquisador do Cemaden informou que está em fase experimental a utilização das informações dos sensores de umidade, destacando a importante parceria com as Defesas Civis para o intercâmbio de informações sobre as ocorrências no município, o que contribuirá para aprimoramento da definição de parâmetros e limiares dos riscos de ocorrências regionais. Informou, também, que está sendo desenvolvida uma modelagens numéricas em escala local e regional  para diferenciar os limiares de chuva e umidade do solo,  em função do uso e da ocupação do solo em cada área de risco monitorada pela RedeGeo. Essa modelagem está sendo desenvolvida pela equipe de pesquisadores do Cemaden, que permitirá estabelecer limiares críticos ambientais associados com as informações de adensamento populacional e do uso e ocupação do solo.

“O modelo regional permitirá a análise detalhada de cada área de risco de deslizamentos – onde estão instaladas as PCDs Geo – incorporando essas informações aos dados de previsão de chuvas e umidade do solo.”, afirma o pesquisador  do Cemaden Márcio Moraes, destacando que esses dados são imprescindíveis para aprimorar o monitoramento e assertividade na emissão dos alertas nas áreas com base, principalmente, das informações sobre a intervenção humana.”

RedeGeo do Cemaden no Brasil

Além dos cinco municípios paulistas da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande,) e em Campos do Jordão  – projeto inicial, onde os equipamentos estão sendo adequados com novos registradores de dados –   também já foram instaladas PCDs Geo em municípios da região metropolitana de Recife, em Pernambuco e em Blumenau, em Santa Catarina.

No próximo ano, estão previstas a instalação de equipamentos em Salvador e municípios vizinhos (Bahia), em Angra dos Reis, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo (no estado do Rio de Janeiro) e em Mauá e municípios vizinhos ( no estado de São Paulo. Em cada município e região serão instaladas 15 PCDs Geo.

O Projeto RedeGeo é uma iniciativa do Cemaden e da FUNCATE – Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais,  patrocinado pela FINEP- Financiadora de Estudos e Projetos (Carta Convite MCTI/FINEP/FNDCT 01/2016) com parcerias das Defesas Civis Municipais, universidades e institutos de pesquisa regionais.  Todas essas instituições são usuárias da rede de instrumentos do Cemaden, em atividades de monitoramento e pesquisas aplicadas.

“Além da rede de monitoramento das áreas de risco de deslizamentos, o Projeto RedeGeo promove o desenvolvimento de pesquisas e banco de dados para análise dos fatores condicionantes dos deslizamentos.”, afirma o coordenador do projeto no Cemaden, pesquisador Márcio Andrade. Ele enfatiza que todos os dados serão aplicados para o entendimento dos processos físicos e identificação dos limiares (ou início do processo) dos deslizamentos. “As informações e estudos desses processos contribuem para aprimorar o trabalho da Sala de Operação (ou de Monitoramento) do Cemaden e das ações das instituições para prevenção dos impactos do risco de deslizamentos.”, afirma o pesquisador do Cemaden. Ele destaca que para o preventivo de monitoramento seja efetuado, é importante a colaboração das comunidades na valorização e preservação desses equipamentos.

Fonte: Ascom/Cemaden

 

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