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Situação Atual da Seca no Semiárido e Impactos – Março de 2017

Duração da Seca

A seca, recorrente em grande parte do Semiárido do Brasil, já perdura por mais de nove meses, principalmente nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. No entanto, ressalta-se que em parte dessas regiões a estação chuvosa inicia-se no mês de abril (zona da Mata), como pode ser observado no mapa de quadras chuvosas. (Link figura).

Em alguns pontos isolados, a seca vigente já dura por mais de vinte e um meses (áreas em vermelho).

A definição do evento de seca utilizada estabelece o início da seca quando o índice de saúde da vegetação (VHI) indica valores inferiores a 30 (Kogan, 2002) por pelo menos dois meses consecutivos.  O término do evento de seca ocorre quando o VHI retorna a valores superiores a 45. O evento de seca fica, dessa forma, determinado a partir dos seus meses de início e de término. A duração de um evento de seca é determinada pelo número de meses entre o mês de início e o de término.

Avaliação das condições de seca de acordo com o índice Integrado de Seca  (IIS) 

A avaliação do IIS para o mês de março indica condições de Seca Extrema e de Seca Severa em 501 municípios, inseridos em sua maior parte nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Os municípios em que o IIS indica seca extrema e seca severa coincidem com aquelas áreas onde a situação crítica já perdura por mais de nove meses.

O índice Integrado de Seca (IIS) é uma combinação (média geométrica) das informações provenientes do índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI), o qual é calculado a partir de dados de sensoriamento remoto, e do Percentil de precipitação, que é calculado a partir de dados observacionais de chuva. O índice VSWI é derivado de dados de NDVI e temperatura do dossel, oriundos do sensor MODIS a bordo dos satélites AQUA e TERRA – resolução de 1 km.  O índice indica condição de seca quando o valor do NDVI (índice de vegetação) é baixo (o que indica baixa atividade fotossintética) e a temperatura da vegetação é alta (indicando estresse hídrico). Por sua vez, o percentil é usado como forma de classificar o status de cada município, segundo o montante de precipitação recebido. São consideradas as seguintes classificações: Seca extrema (precipitação abaixo do percentil 5); Seca severa (precipitação entre os percentis 5 e 15); Seca moderada (precipitação entre os percentis 15 e 35); Seca fraca (precipitação entre os percentis 35 e 50) .

Índice VSWI: Porcentagem do município impactado pela seca (áreas de pastagens e agrícolas) no mês de março de 2017 

Em relação ao mês anterior (fevereiro), os impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens se mantiveram principalmente na porção leste da Região Semiárida, incluindo os municípios inseridos nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e leste da Bahia. Considerando regiões onde o calendário de plantio se inicia nos meses de novembro, e, portanto, o ciclo fenológico da cultura agrícola pode ainda estar em curso, a área de possível impacto da seca se concentra em quase todos os Estados da região Semiárida. De acordo com o índice VSWI, 345 municípios apresentaram pelo menos 50% de suas áreas impactadas no mês de março de 2017. As áreas impactadas pela seca somam cerca de 19 milhões de hectares (Tabela 1).

  • AL
  • SE 
  • MA
  • CE
  • RN 
  • PE
  • PB
  • BA 
  • MG
  • PI
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Percentual de áreas agrícolas e/ou pastagens impactadas pela seca. 

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Considerando apenas a região semiárida, o percentual de áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens impactadas atinge  23% no mês de março.

Tabela 1. Avaliação da Extensão dos Impactos da seca nas regiões com calendário de plantio vigente.

UF Número de Municípios com mais de 50% de área impactada Área Impactada (ha) Número de Estabelecimentos de Agricultura Familiar Impactados
BA 105 11.035.426,20 196.762
CE 4 92.553,20 5.413
PI 12 468.998,84 11.352
PB 64 1.440.709,89 48.011
AL
RN 16 234.058,88 5.016
MA
SE
ES
PE 129 4.348.730,67 207.276
MG 15 1.154.060,23 18.031
TOTAL 345 18.774.537,92 491.861

Influências climáticas na escala sub-sazonal a sazonal 

Na escala sazonal, o cenário climático atual é de neutralidade em relação aos fenômenos El Niño ou La Niña (ENOS), muito embora tenha havido um forte aquecimento junto à costa do Peru nos últimos meses. A próxima estação chuvosa deve ser influenciada pela condição do Oceano Atlântico Tropical Norte, que se encontra anormalmente aquecido e, portanto, desfavorável para as chuvas no norte do Semiárido. Desta forma, a previsão climática sazonal de chuva (MCTIC) para AMJ/2017 indica que é mais provável (45% de chance) que as chuvas ocorram abaixo da média histórica. A previsão de médio prazo não indica, em geral, condições favoráveis para chuvas substantivas nas próximas 2 semanas. Dado que o cenário futuro não é favorável à ocorrência de precipitações abundantes, aumenta-se o risco de perda de safras, principalmente nas áreas indicadas pelo IIS.

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