Esta edição do boletim traz a situação para o mês de setembro de 2021 e projeções hidrológicas de outubro de 2021 até abril de 2022. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de setembro de 2021 (30%), é pior quando comparada ao mesmo período de 2020 (42%). O armazenamento do Sistema no final da estação seca ficou no limite entre a faixa de operação “alerta” (armazenamento entre 30% e 40%)[1] e a faixa de operação “Restrição” (nível de armazenamento entre 20% e 30%), cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é de, respectivamente, 27 m³/s e 23 m³/s. Em setembro de 2021, a média desta vazão de extração foi 22 m³/s. Ainda em setembro, choveu o equivalente a 30% da média histórica do mês, enquanto a vazão afluente aos reservatórios foi 33% da média histórica. Com relação às projeções, considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica de outubro de 2021 a abril de 2022, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno de 81% da média histórica do período e o armazenamento no sistema, no final de abril de 2022, poderá chegar a 48%.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante a estação seca de 2021, de abril a setembro, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2] e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 147 mm (158² mm), o que representa 39% (42%²) da média histórica de 1983-2020 (378 mm). No mês de setembro de 2021, a precipitação acumulada foi em torno de 25 mm (35² mm), o que representa 30% (42%²) da média histórica para este mês (83 mm) (Figura 1).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo/ Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de abril a setembro de 2021, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 11 m3/s, 36% da média histórica para a estação seca (30 m3/s). Ressalta-se, o término da estação seca de 2021 com um déficit de vazão de 64% em relação à média histórica. Para o mesmo período, a média de vazão de extração total dos reservatórios foi 31 m³/s e a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo (vazão do elevatório Santa Inês), atingiu 21 m³/s, representando o menor valor para o período seco desde a crise hídrica de 2014-2015. Ainda para o período de 01 de abril a 03 de setembro de 2021, a média do aporte recebido através da interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 7,6 m³/s. A partir do dia 04 de setembro de 2021, as bombas foram temporariamente desligadas uma vez que, a SABESP já alcançou o limite anual de transferência de água entre os dois sistemas (162 milhões de litros).
Para o mês de setembro de 2021, a média de vazão afluente foi 8 m3/s, o que representa 33% da vazão média mensal histórica (24 m3/s). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 22 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ), foi 12 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 34 m³/s . Nos três primeiros dias de setembro de 2021, a média do aporte, proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, foi 5,25 m³/s. Após esse período as bombas seguem desligadas.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra no final do período seco e inicio da transição para a estação chuvosa. Nesse período as chuvas ocorrem em forma de pancadas mal distribuídas. Nos próximos 3-10 dias há previsão de chuvas (Figura 2), o que é compatível com o cenário de transição para a estação chuvosa. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana apresentadas na Figura 3, também indicam um cenário com ocorrência de precipitações na bacia.
Projeções de vazão afluente
A Figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (01 a 10 de outubro de 2021) e, a partir do dia 11 de outubro foram considerados cinco cenários de precipitação: média histórica (1983-2020), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (outubro de 2013 a abril de 2014). As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de outubro de 2021 a abril de 2022, poderá alcançar cerca de 39 m³/s, o que representa 81% da média histórica desse período (48 m³/s). Para cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 47% e 21% da média histórica desse mesmo período, respectivamente.
Projeções de armazenamento
A Figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; e vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa (2,09 m³/s e 1,55 m³/s, respectivamente). Ressalta-se que, nessas simulações o aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931) foi apenas considerado, em nossas simulações, a partir de janeiro de 2022, uma vez que o limite anual de transferência de água entre os sistemas, no ano de 2021, já foi atingido.
As projeções indicam que, sem a contribuição da vazão de interligação do Rio Paraíba do Sul, o reservatório deverá operar, durante os últimos três meses de 2021, na faixa de operação “restrição” (armazenamento entre 20% e 30%). Considerando um cenário de precipitação na média histórica bem como o retorno da interligação, a partir de janeiro de 2022, o reservatório retornará no final do horizonte de projeções (abril de 2022) para a faixa de operação “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%). Entretanto, considerando o cenário de precipitação 25% e 50% abaixo da média, o reservatório estaria, respectivamente, ao final de abril de 2022, na faixa de operação atual (“restrição”) e faixa de operação “especial” (armazenamento entre 0% e 20%). Vale ressaltar que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com o Rio Paraíba do Sul bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.