Esta edição do boletim do Sistema Cantareira traz a situação hidrometeorológica para o mês de junho de 2020 e projeções com horizonte até o final da estação seca em vigência, isto é, setembro de 2020. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira (56,3%), em 30 de junho de 2020, é semelhante ao mesmo período de 2019 (55,4%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira permanecem na faixa de operação “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em junho de 2020, esta vazão de extração foi 24,8 m³/s. Ainda em junho, choveu 72 mm, valor 30% acima da média histórica do mês, enquanto que a vazão afluente aos reservatórios foi 50% da média histórica. Com relação às projeções, em um cenário hipotético de chuvas na média histórica para os próximos meses, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno de 66% da média histórica do período e o armazenamento no sistema, no final de setembro de 2020, poderá chegar a 47%, permanecendo na faixa de operação do reservatório definida como “atenção”.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante o período seco de 01 de abril a 30 de junho de 2020, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP [2] e 21 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 90 mm (89 [2]mm), o que representa 23% (23%[2]) da média histórica do período seco, abril a setembro (383 mm). Para o mês junho de 2020, a precipitação acumulada foi 72 mm (75[2] mm), o que representa 30% (37%[2]) acima da média histórica para este mês (55 mm) (Figura 1).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de 01 de abril a 30 de junho de 2020, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 16,2 m³/s, 53% da média de vazão para a estação seca (31 m³/s). Para o mesmo período, a média de vazão de extração total dos reservatórios foi 31,3 m³/s e a média de vazão de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi de 5,1 m³/s.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Para o mês de junho de 2020, a média de vazão afluente foi 16,9 m³/s, o que representa 50% da vazão média mensal histórica (34 m³/s). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o sistema elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 24,8 m³/s, e a vazão de jusante (Qjus) que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ) foi 8,2 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 33,0 m³/s. No mês de junho, a média de vazão de transferência de água proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha foi 8,0 m³/s.
Previsão de chuva
Em termos gerais, os meses de julho e agosto são os mais secos do ano na bacia de captação do Sistema Cantareira, sendo que as precipitações só correm quando há passagens de sistemas frontais. Em particular, nos próximos 3-10 dias as precipitações serão escassas, conforme mostrado na Figura 2. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana, apresentadas na Figura 3, continuam apontando acumulados pluviométricos muito baixos, ou, ainda, inexistentes.
Projeções de vazão afluente
A figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequencia, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (01 a 10 de julho de 2020) e, a partir do dia 11 de julho foram considerados quatro cenários de precipitação: média histórica (1983-2019), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica. As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de julho a setembro de 2020 poderá alcançar cerca de 16 m³/s, o que representa 66% da média histórica desse período (24 m³/s).
Projeções de armazenamento
A figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa; e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,5 m³/s (de acordo com a Nota Técnica MAR 011/2020, emitida pela Sabesp). Todas as projeções indicam que o volume armazenado no Sistema Cantareira finalizará a estação seca na faixa “atenção” (40 a 60%).