Esta edição do boletim do Sistema Cantareira traz a situação hidrometeorológica para o mês de agosto de 2020 e projeções com horizonte até dezembro de 2020. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira (47,9%), em 31 de agosto de 2020, é semelhante ao mesmo período de 2019 (50,3%), operando na faixa de “atenção” (armazenamento entre 40% e 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em agosto de 2020, esta vazão de extração foi 24,4 m³/s. Ainda em agosto, choveu 34% acima da média histórica do mês, enquanto que a vazão afluente aos reservatórios foi 45% da média histórica. Com relação às projeções, em um cenário hipotético de chuvas na média histórica para os próximos meses, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno de 81% da média histórica do período e o armazenamento no sistema, no final de dezembro de 2020, poderá chegar a 47%, permanecendo na faixa de operação do reservatório definida como “atenção”.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante o período seco de 01 de abril a 31 de agosto de 2020, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP [2] e 21 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 140 mm (141 [2]mm), o que representa 37% (37%[2]) da média histórica do período seco, abril a setembro (383 mm). Para o mês agosto de 2020, a precipitação acumulada foi 44 mm (45[2] mm), o que representa 34% (35%[2]) acima da média histórica para este mês (33 mm) (Figura 1).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de 01 de abril a 31 de agosto de 2020, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi 13,7 m³/s, 45% da média de vazão para a estação seca (31 m³/s). Para o mesmo período, a média de vazão de extração total dos reservatórios foi 32,1 m³/s e a média de vazão de interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi de 6,2 m³/s.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Para o mês de agosto de 2020, a média de vazão afluente foi 9,6 m³/s, o que representa 45% da vazão média mensal histórica (22 m³/s). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o sistema elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 24,4 m³/s, e a vazão de jusante (Qjus) que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ) foi 9,4 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 33,8 m³/s. No mês de agosto, a média de vazão de transferência de água proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha foi 7,9 m³/s.
Previsão de chuva
Em termos gerais, o mês de setembro ainda é relativamente seco na bacia de captação do Sistema Cantareira, sendo que as precipitações normalmente se tornam mais frequentes e intensas na parte final do mês. Em particular, nos próximos 3-10 dias as precipitações serão muito escassas na bacia de captação do Sistema Cantareira, conforme mostrado na Figura 2. As previsões (tendência) de chuva para a segunda semana, apresentadas na Figura 3, continuam apontando acumulados pluviométricos baixos na região do Sistema Cantareira.
Projeções de vazão afluente
A figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequencia, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (01 a 10 de setembro de 2020) e, a partir do dia 11 de setembro foram considerados quatro cenários de precipitação: média histórica (1983-2019), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica. As simulações indicam que, considerando um cenário hipotético de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de setembro a dezembro de 2020 poderá alcançar cerca de 25 m3/s, o que representa 81% da média histórica desse período (32 m3/s).
Projeções de armazenamento
A figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada nos anos 2014 a 2016, para as estações seca e chuvosa; e aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja vazão média é 5,5 m³/s para o período de setembro a novembro de 2020 e igual a 5,3 m³/s para dezembro de 2020 (de acordo com a Nota Técnica MAR 011/2020, emitida pela Sabesp). Todas as projeções indicam que o volume armazenado no Sistema Cantareira finalizará a estação seca, ou seja, final de setembro de 2020, na faixa “atenção” (40 a 60%). Considerando o horizonte de projeções até o final de dezembro de 2020, os cenários com precipitação na média histórica e 25% acima indicam que os reservatórios poderão chegar nesta data ainda na faixa “atenção”, entretanto, os cenários de chuvas abaixo da média indicam que os reservatórios poderão chegar numa situação mais crítica, caindo para a faixa de operação “alerta” (entre 30 a 40%).