A maioria dos municípios localizados na região Nordeste registrou escassez de chuvas no mês de setembro deste ano, cujos acumulados de chuva foram inferiores a 60 mm, o que corresponde a valores abaixo da média histórica. Municípios caracterizados por condições de “Muito Seco” são observados no norte da Zona da Mata e também no norte do Agreste. Já o Recôncavo Baiano foi a única região que apresentou acumulados pluviométricos superiores a 120 mm, no mesmo período.
Cerca de 90 municípios do semiárido brasileiro foram classificados como de riscos alto e muito alto, em razão de apresentarem déficit hídrico entre 60 e 75 dias e mais de 75 dias, respectivamente. A avaliação do balanço hídrico – que aponta o risco agroclimático – foi feita com base nos registros de chuvas no período de outubro do ano passado até agosto deste ano (correspondente ao ano hidrológico 2015/2016).
De acordo com o Índice de Vulnerabilidade aos Impactos da Seca (VSWI), 159 municípios do semiárido brasileiro apresentaram pelo menos 50% de suas áreas impactadas no mês de setembro deste ano. Como a estação chuvosa no semiárido brasileiro encerrou-se no mês de julho, o estresse vegetativo atual era esperado.
Essas informações estão no último Relatório da Situação Atual da Seca no Semiárido Brasileiro e Impactos, divulgado no site do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
A maior parte dos municípios localizados na região Nordeste apresentaram acumulados de precipitação inferiores a 60 mm, enquanto os municípios inseridos na Zona da Mata e no Agreste apresentaram acumulados ainda mais baixos, o que corresponde a valores inferiores à média histórica. A única exceção é a região do Recôncavo Baiano que apresentou acumulados superiores a 120 mm.
Municípios caracterizados por condições de “Muito Seco” são observados no norte da Zona da Mata e também no norte do Agreste. “A quadra chuvosa desta região encerrou-se no mês de julho.”, afirma o coordenador-geral de Operações e Modelagens do Cemaden, o meteorologista Marcelo Seluchi, que complementa : “Conforme ressaltado no relatório do mês de julho, os quatro meses da quadra chuvosa – referente ao período de agosto a julho – apresentaram déficit pluviométrico.”, destaca Seluchi.
“As áreas impactadas pela seca somam cerca de 5 milhões de hectares.”, afirma a coordenadora de Relações Institucionais do Cemaden, Regina Alvalá, que também destaca que em “algumas regiões do semiárido brasileiro, o calendário de plantio se estendeu até o mês de setembro. Como o ciclo produtivo das lavouras está em curso, esse déficit hídrico causa impacto na área agrícola.” Essa seca atinge, principalmente, os municípios dos Estados de Alagoas, de Sergipe e a região leste da Bahia, conforme aponta o relatório.
Um dos pontos ressaltados no relatório é que o trimestre Outubro-Novembro-Dezembro de 2016 pode marcar a interrupção do desenvolvimento do episódio de La Niña. A evolução climatológica (histórica) das precipitações nesse trimestre indica que as chuvas devem se tornar mais escassas na Zona da Mata, ao norte de Salvador. “Isso representa que há poucas chances de reversão do quadro crítico para os municípios impactados pela seca”, destaca Seluchi.
As previsões em escala de médio prazo (até 20 de outubro) indicam apenas condições favoráveis para a ocorrência de precipitações escassas na Zona da Mata dos Estados da Bahia e Sergipe. Há indicação de índices pluviométricos abaixo do normal no oeste do Estado da Bahia, no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, no sul do Piauí e no Maranhão.
A previsão climática sazonal de chuvas (elaborada pelo Grupo de Trabalho do MCTIC) para o trimestre Outubro-Novembro e Dezembro de 2016 aponta que em grande parte da região Nordeste do país, os três cenários (com projeções acima-dentro-abaixo da média) são igualmente prováveis, indicando a incerteza associada com esta previsão.