O 4º webinário da Campanha #AprenderParaPrevenir 2020, realizado nesta quinta-feira (20 agosto) e coordenado pelo Programa Cemaden Educação, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)- reuniu pesquisadores das áreas da Ciência, Educação e Saúde Familiar para discutiram as interconexões e potencialização dos riscos, vulnerabilidades e ocorrências de desastres socioambientais e biológicos, dentro da temática do encontro ““Soma, Multiplica e Potencializa”.
No encontro virtual da 5ª edição da campanha, foram abordados os desafios e a importância do trabalho conjunto e interdisciplinar para a prevenção e mitigação desses desastres. Foram enfatizadas ações para a disseminação do conhecimento e informação científica – por meio da Educação e do uso de ferramentas da Comunicação – além de propostas para ações participativas da sociedade e de políticas públicas, focando o enfrentamento dos desastres, desde a pandemia até as questões climáticas.
O mediador do 4º webinário Leonardo Suveges, da Faculdade de Saúde Pública da USP e Cemaden Educação, fez uma apresentação sobre como participar da Campanha #AprenderParaPrevenir 2020 na temática “Desastres, Desastres, Desastres! E o que eu posso fazer? E a Educação”. Mostrou os acessos no site do Cemaden para obter informações, exemplos de ações na campanha e a importância do engajamento das Escolas, Universidades, Defesas Civis e Agentes de Saúde Familiar.
Desastres somam, multiplicam e potencializam os impactos na sociedade
A coordenadora de Relações Institucionais e diretora-substituta do Cemaden, Regina Alvalá iniciou as discussões, apresentando a distribuição das ocorrências de desastres naturais no Brasil. Destacou que 90% das ocorrências de inundações, enxurradas e deslizamentos se concentram na região Sudeste, sendo que o maior número de fatalidades é por deslizamentos de terra. Citou outros impactos provocados pela seca, fogo/queimadas e erosões. Sobre a população em áreas de risco, pela pesquisa Cemaden-IBGE, a grande concentração se encontra na costa leste brasileira. “Em 825 municípios, somam cerca de 8 milhões e 300 mil de moradores vivendo em áreas de risco de deslizamentos, inundações e enxurradas”, enfatiza a pesquisadora, informando que isso representa que, a cada 100 brasileiros, quatro estão expostos ao risco de desastres. Mostrou as capitais e regiões com maior número de população em área de risco. “Os desastres provocam impactos sociais, econômicos e de infraestrutura, que podem ser somados e ampliados com outros fatores como secas, incêndios, doenças, Covid-19, condições sanitárias inadequadas, entre outros, potencializando esses impactos.” Dentre os desafios das políticas públicas, Alvalá cita ações em escala temporal e espacial, considerando as especificidades regionais, planos de contingência essenciais aos desastres pelo clima e biológicos, além das respostas a esses desastres. Afirma ser fundamental a concentração de esforços na pesquisa, políticas públicas e investimentos, destacando as ações da Educação e a linha de trabalho do Cemaden Educação.
Impactos das queimadas e incêndios florestais: empobrecimento da biodiversidade, da saúde e da economia
A pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson, iniciou a apresentação mostrando duas imagens de satélite da Amazônia, dos anos de 1984 e de 2018, comparando a extensão da perda da cobertura vegetal da região. Explicou que as queimadas e incêndios florestais contribuem para o aumento da perda dessa cobertura, aumentando as emissões de gases e efeito estufa na atmosfera. “Isso tem um impacto direto, provocando o aumento da temperatura, a diminuição das chuvas em várias regiões, a fragmentação e aumento da mortalidade da floresta.”, enfatiza a pesquisadora do Cemaden. Explica que as queimadas e incêndios florestais geram fuligem e material particulado, prejudicial ao sistema respiratório e à saúde. “Estamos empobrecendo pelos impactos das queimadas e incêndios florestais: ficando doentes pelo aumento da fumaça, as florestas estão perdendo a biodiversidade, diminuindo a capacidade de gerar e transportar chuvas, perda da produção agrícola, da infraestrutura e produtos da floresta.”, alerta Anderson. Cita que os processos de desmatamento e queimadas potencializam os incêndios florestais, somam as perdas do ecossistema e multiplicam as causas dos desastres socioambientais e biológicas na sociedade. “Podemos quantificar esses processos interligados dos desastres pelo conhecimento científico, traduzindo as informações de forma acessível à sociedade e aos tomadores de decisão para as políticas públicas.”, conclui a pesquisadora, explicando que esse desafio está ligado aos investimentos na Educação e nas ferramentas da Comunicação, como exemplo o jornalismo científico, lembrando o modelo das ações do Cemaden Educação.
Causas da transmissão da malária: um exemplo dos vários fatores somados no tempo e no espaço, potencializando as desigualdades
Especialista em Entomologia, a professora titular Maria Anice Sallum, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), apresentou as interconexões históricas, ambientais, climáticas, sociais e econômicas da transmissão da malária no Brasil e no mundo. “A soma de vários fatores determinam os padrões de transmissão da doença no tempo e no espaço.”, enfatiza a professora da USP, explicando que a malária tornou-se endêmica em decorrência do sedentarismo humano, da formação das comunidades rurais e das alterações no meio ambiente para o desenvolvimento da agricultura. Explica que a dispersão global da malária teve sua evolução por diversos fatores, entre eles, as mudanças ambientais e climáticas. Citou que as causas das intensificações da transmissão dessa doença estão relacionadas com a demanda mundial por matérias-primas, pelas conexões econômicas e desequilíbrios na produção e comércio. “Tudo isso multiplica e potencializa as desigualdades sociais”, enfatiza Sallum, lembrando o exemplo histórico da ocupação da Amazônia, com a degradação do ecossistema e o avanço da malária. Mostrou uma imagem por satélite de um assentamento na Amazônia, com a fragmentação da paisagem e afirma: “As alterações ambientais, mais os fatores da ecologia humana e do vetor da doença, somam, multiplicam e potencializam a ocorrência da malária.” Aborda também, sobre a ocorrência das queimadas e incêndios florestais e a ocupação do solo: “A queimada é a última etapa do assentamento e da perda da cobertura vegetal. Nessas regiões há um aumento da incidência da malária.”
Sobre a campanha “AprenderParaPrevenir 2020 para mobilizar a sociedade
A coordenadora do Cemaden Educação, pesquisadora Rachel Trajber, reforçou que o objetivo dos webinários é trazer subsídios de pesquisas sérias, comprovando que todos os desastres estão inter-relacionados. Afirma que essa é uma área propícia para a Educação. “Essa temática deveria estar inserida nos currículos. É a nossa forma de trabalhar, no Cemaden Educação, para a política pública de inserção nos currículos das escolas.”, afirma a pesquisadora e enfatiza: “Estamos mostrando que, atualmente, esse é um tema emergente e emergencial para se trabalhar em todas as disciplinas, vinculado às questões ambientais, com foco na sustentabilidade ambiental, na prevenção de desastres e na melhoria de vida para todos”. Lembrou sobre a importância da mobilização de cada uma das pessoas das instituições, que acompanhavam o encontro, para a disseminação da campanha das campanhas do Cemaden Educação a toda sociedade brasileira.
O próximo webinário da Campanha #AprenderParaPrevenir 2020 está programada para o dia 10 de setembro, com a temática: “A Defesa Civil Educa”.
As informações sobre a campanha e a gravação dos webinários realizados anteriormente estão disponibilizadas no site do Cemaden Educação no endereço:
Playlist webinários #AprenderParaPrevenir 2020
https://www.youtube.com/watch?v=OeVXqSkA5Rk&list=PLHtaKTOPDIDIgiztXxBzNJvlRatCW36jf
Campanha: http://educacao.cemaden.gov.br/aprenderparaprevenir2020
Fonte: Ascom/Cemaden